quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CAMINHOS...

Já fui guerreiro
um combatente
já fiquei em primeiro
e já fui um desistente
eu já acreditei
e fui vidente
já ceguei
e fui descrente
já senti a revolta
e fui injustiçado
deixei a raiva à solta
e cometi o pecado
já confessei a dor
e esqueci o compromisso
já neguei o amor
e paguei por isso
já chorei sózinho
e cantei acompanhado
já sonhei com o carinho
que deixei abandonado
já blasfemei
e caí em oração
já amei
e deixei cair o amor no chão

Sou a soma
das minhas vivências
escrevo ambiguidades
para os outros
mas
para mim são dialogos
comigo próprio.
Sou o "eu" adaptado
a este mundo cão
a tentar lembrar-se
do "eu" que ainda tem
algo de que orgulhar-se.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

CUMEADAS, O TREINADOR

O Cumeadas era para muitos, o melhor treinador que passara pelo bairro. Claro que nem todos pensavam o mesmo. Aliás, nem outra coisa seria de esperar. Lá por sermos um clube pequeno, tínhamos direito ás mesmas polémicas e falatórios dos grandes clubes.

Os que gostavam dele, diziam que a equipa praticava um futebol bonito e eficaz, os que não gostavam diziam que com aquele futebol o clube não ia a lado nenhum.

Os que gostavam dele, diziam que a equipa estava bem orientada, obtinha bons resultados, tudo fazia para trazer gente ao estádio, e até conquistava títulos, apesar da federação não apoiar o Clube, e das péssimas arbitragens, sempre em prejuízo do Clube.

Os seus detractores, achavam que ele apenas conquistava títulos menores, não tinha conhecimentos técnicos para a modalidade, afastava os espectadores do estádio, mantinha-se sempre em litigio com a federação, e alguns até propuseram que se muda-se para outro campeonato.

Certo dia, talvez farto de tanta injustiça, talvez por perder a paciência ou simplesmente por cansaço, anunciou que ia abandonar a modalidade.

A maioria ficou preocupada. Conseguiria o Clube arranjar alguém capaz de substituir um treinador competente, conhecedor da modalidade, e que sempre merecera a sua confiança?.

Outros porem, logo manifestaram a sua satisfação pala saída dum técnico que consideravam incompetente, autoritário e que só escolhia jogadores para algumas posições, normalmente erradas.

Todas as moedas têm duas faces e por incrível que pareça, podemos estar todos a olhar para elas, e ver coisas diferentes.

Confesso que sou suspeito, porque gosto do treinador. É um direito que eu tenho, da mesma forma que não contesto o direito dos que não gostam dele. Claro que não vou dizer que ele nunca falha, que usa sempre a táctica certa, ou que o seu modelo de jogo é perfeito. Não há tácticas cem por cento vitoriosas, nem se pode ganhar sempre.

Mas sempre acreditei na sua competência, honestidade e amor ao Clube. Ganhou muitos jogos, engrandeceu o Clube, e tentou sempre manter todos os atletas.

Acredito que o Clube vai escolher outro grande treinador, e desejo ao que sai, a maior sorte do mundo. Até sempre Mister.

domingo, 27 de setembro de 2009

ELEIÇÕES

Depois do cumprimento do dever cívico do voto, e do desempenho do "honroso cargo de membro de mesa", foi o regresso a casa para curtir um resultado nem bom nem mau, mas que soube claramente a pouco.
O Povo decidiu, está decidido. Cumpra-se a vontade do Povo.
Por mim, vou tomar um banho retemperador, que me tire do corpo o suor de um dia diferente. Depois, com a tranquilidade de quem acha que se portou bem, espero que carinhosamente a Maria ponha a janta na mesa.
Mas continuo a acreditar que sim; é possível.

sábado, 26 de setembro de 2009

ESCOLHER...

A promessa de mudar de vida

Feita esperança traída

Tornou-se o nosso fado.

Se te resta esperança na alma

Aproveita essa tarde calma,

Mas pensa bem, tem cuidado.

Qualquer Domingo à tarde

Quando chove ou o sol arde

É bom para um novo resultado:

Escolher com razão

Entre quem distribui o pão

E o que tem o pão guardado.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

OS BEATLES, MAIS FAMOSOS QUE CRISTO

Quando em 1966, Lennon afirmou que os Beatles eram mais famosos que Cristo, o mundo Católica veio abaixo, e os vinis do grupo eram queimados como forma de protesto contra tal heresia. Lennon praticamente foi obrigado a pedir desculpa.
Vem agora , 46 anos depois, o jornal Telegraph fazer um estudo, e provar que ainda hoje os Beatles são mais famosos que Jesus Cristo.
O que me surpreende, é que se possa fazer disso uma grande noticia, quando me parece evidente que facto salta à vista de toda a gente. Senão vejamos: Os Cristãos estão calculados entre 1,5 e 2,1 biliões; Os Muçulmanos, por exemplo, serão 1,7 biliões. Ora se uns e outros gostarem dos Beatles, a conclusão é evidente. Isto para não falar dos outros...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

QUALQUER SEMELHANÇA, NÃO É CUINCIDÊNCIA

No fundo, Ramiro era uma criança como as outras. Oriundo de uma familia pobre, percorreu os mesmos caminhos. Andava descalço, guardava galinhas e perús, espantava pardais e comia pão com pão. Nunca passou fome mas não conhecia a fartura.
Foi á Escola, e foi bom aluno.
Filho de mãe solteira, depressa aprendeu a viver com esse estigma, e a fazer-se respeitar. Muitas vezes teve de usar a força, e exebia orgulhosamente o rosto marcado por nodoas negras e escoriações várias. Mas criou o seu espaço.
Cedo começou a ganhar o seu pão. Foi dificíl, mas teve sorte. Caiu numa casa de gente do bem, onde lhe moldaram a personalidade, e lhe transmitiram codigos de honra, regras de comportamento e exemplos de vida, que foram vitais para a sua formação emquanto homem e cidadão.
Combateu em Africa, em nome de uma ilusão que não era sua. Mas gostou daquela terra e daquela gente. Em terra de Pretos, fêz bons amigos de todas as cores, e conheceu muitos filhos da "outra". Eram todos Brancos.
Foi um jovem de sucesso entre as mulheres. Casou por amor, e nasceram-lhe três filhos, em função dos quais continua a defenir as suas prioridades.
Ramiro pensa que é boa gente, bom Pai e bom Marido. Não se embebeda e entra cedo em casa. Ás vezes, até ajuda no lar, e defende a teoria de que em casa quem manda é a Mulher.
Não tem medo dos outros nem das dificuldades da vida, mas teme pelo futuro dos seus e do seu povo.
Já enfrentou a morte sem temor, mas é capaz de chorar perante uma cena dramática, ou a emoção de um reencontro.
Bem vistas as coisas, Ramiro é um sentimentalão.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O NOSSO CEREBRO, FAZ MARAVILHAS

O nosso cérebro é dodio!!
De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea,
não ipomtra em qaul odrem as
lteras de uma plravaa etãso,
a unica csioa iprotmatne é que
a piremria e útmlia lteras etejasm
no lgaur crteo. O rseto pdoe ser
uma bçguana ttaol, que vcoê
anida pdoe ler sem pobrlmea.
itso é poqrue nós não lmeo
cdaa ltera isladoa, mas a plravaa
cmoo um tdoo.
Sohw de bloaa.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

DEBATE POLITICO

Esta retórica discursiva
frenética e de implicação interventiva
mas de clara ocultação
tente impedir a possibilidade analítica
para manter o rumo desta politica
e manter o poder em contra mão

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

BUGALHÕES E FERROBISTAS

No seu livro Alentejo é Sangue, Antunes da Silva fala-nos de um Alentejo distante no tempo mas ainda demasiado próximo na realidade.
Num dos capítulos, Bugalhões e Ferrobistas, que tem como cenário a Cidade de Évora, o autor fala-nos de uma forma de vida que me fez pensar e que acho que vale a pena meditar por também ela não estar totalmente fora do presente.
Vou contar-vos o que vi, como se eu fosse o Barbeiro, e vocês, o Cainó:

O Cainó teve conhecimento de que eu lhes queria contar um episódio histórico, e logo correu a convocar todos os amigos para o acompanharem.

Ao chegarem à barbearia, recebi-os com um sorriso aberto e bons conselhos: disse-lhes que a infância é uma idade maravilhosa e deve ser bem aproveitada. Perguntei-lhes se já conheciam a história dos bugalhões e ferropistas. Embora eles já tivessem ouvido falar dela, gostavam da maneira como as contava, pelo que responderam que nada sabiam.

Contei-lhes então que em tempos idos, parte da cidade era terra de bugalhões, e outra parte pertencia aos farrobistas. Cada uma das partes diferenciava-se pela forma de vestir e até pela alimentação. O que se comia num lado, não se comia no outro. De tal forma que qualquer forasteiro tinha que se limitar aos pratos da zona. Não encontrando nada que se cozinhasse no outro. Acontecia até que, sendo a câmara e as finanças num dos lados, os do outro lado não se atreviam a ir lá, pelo que tinham um intermediário, previamente aceite pelo outro lado, para tratar de todos os assuntos a realizar nessa área.

Quando, por engano ou atrevimento, alguém invadia a área contrária, era severamente castigado, e logo feito prisioneiro.

Após a devolução do prisioneiro, em campo neutro seguiam-se combates entre as facções. Fisgas, pedras e fundas, eram as armas utilizadas.

Quando se recuperava um prisioneiro, era logo rodeado pelos companheiros para saberem o que tinha visto do outro lado: coisas novas, obras e melhoramentos e também como se deixara apanhar.

Logo começava o combate com pedradas a torto e a direito, com vidros das janelas e candeeiros partidos. Havia sempre feridos a tratar no hospital. A batalha terminava com a chegada da guarda.

A história foi-se repetindo através dos tempos.

Certo dia, chegou aos terrenos dos farrobistas, um desconhecido que despertou a curiosidade e desconfiança nos naturais. O estranho perguntou pelo Sr. Sampedro antiquário, que era seu irmão. Encontrada a casa, entrou e lá se demorou muito tempo. O mesmo homem foi visto depois em terra de bugalhões, perguntando pelo Sr. Sampedro Alvanel, que era seu irmão. Encontrada a casa, por lá se demorou. O homem passou então a almoçar em terras de farrobistas, e a jantar e dormir em solo de bugalhões. Um dia, às portas de machede, subiu a um banco e falou às pessoas: disse-lhes que voltava à sua terra, vindo da América, e se admirava de ver a cidade dividida, e o povo da mesma raça a lutar pelos mais ridículos. De tal forma que tendo ele dois irmãos a viver em partes diferentes da cidade, estes não mantinham relações familiares, só para não romperem um pacto medieval.

Ora se na cidade viviam pretos e até amarelos, gente de outras cores e raças que eram respeitados pelas duas comunidades, porque não se estimavam a eles próprios, e mandavam às urtigas as rivalidades que só servem para alterar os bons costumes e desencadear ódios.

“Um país só evolui na unidade do seu povo” dizia o americano: acrescentando ainda: “para haver unidade tem de haver tolerância”. Numa das partes nascera o seu pai, na outra nascera a sua mãe, pelo que admirava ambos os bairros, e sentia cada um como seu. Propôs então que se encontrassem representantes dos dois bairros, para se fazer a paz.

De ambos os lados houve alguns protestos e ameaças, lembrando cada um dos lados, que ele estava comprometido com o outro lado.

Mas a semente da concórdia ficou lançada. Os combates terminaram, os raptos e provocações não aconteciam mais. Um bugalhão fugiu com uma farrobista, e foram casar a uma aldeia próxima. Um farrobista fugiu com uma bugalhoa, e foram casar à capela de uma quinta vizinha.

Nos jornais da cidade, o “americano” escrevia que já não havia bugalhões e farrobistas, mas um só povo e uma só língua, defendendo os mesmos interesses. E falou na vitória dos tolerantes e dos simples.

As bugalhoas casavam com farrobistas, as famílias uniram-se. Cresceu a fama da cidade. E aos poços, ano após ano, a terra purificou-se.

Às vezes é assim: uma frase inspirada vale um poema. De desavindos, passaram a ser irmãos uns dos outros. O “americano”, satisfeito por ter voltado à terra, pensou que já podia morrer descansado.

domingo, 20 de setembro de 2009

O COMBOIO FOI PRESO

Foi com enorme surpresa que tive conhecimento da prisão do comboio.
Segundo o "Jornal da Caserna", a GNR actuou por denuncia, o que prova que desconhecia a existência do popular comboio.
Não sei qual foi o crime do "poucaterra poucaterra", mas fica provado que a autoridade não dorme.
Aqui fica um alerta para os autores dos pequenos assaltos que se têm verificado na nossa terra: Cuidado; a lei está na rua.

sábado, 19 de setembro de 2009

NOS BRAÇOS DE MORPHEUS

O Largo da Igreja estava cheio de gente. Acho que era dia de procissão, e eu envergava uma túnica que parecia dar-me algum protagonismo. Eu ia lendo um manual de matemática cheio de expressões e exercícios vários, que claramente não entendia, mas que me permitia não olhar nos olhos daquela gente. Sem duvida que eu era ali um elemento estranho, fora daquele contexto.

De repente, a procissão começa a movimentar-se, e estranhamente toma várias ruas. Opto pela que vai a banda de musica. Inexplicavelmente quando entro nessa rua, ela está completamente vazia. Procuro voltar à procissão, mas não a encontro, e a rua está cheia de lama, o que me dificulta os movimentos. Encontro-me noutra rua, mas está em obras, com grandes valas abertas, e carros velhos atolados por todo o lado. Não entendo nada e começo a entrarem pânico, e nada sei da procissão. De repente encontro-me num largo com arvores e vegetação diversa. A meu lado, uma senhora de meia idade, diz-me que vai ali nascer uma grande obra. Se me disse qual, não me lembro.

Começa a ficar muito escuro. Vai haver tempestade e começa a chover torrencialmente. Noto que tenho um fato de oleado, e procuro vesti-lo. O vento sopra terrivelmente; consigo enfiar um braço, mas o vento impede-me de chegar à outra manga. Estou Sozinho, encharcado e assustado. Continuo sem entender nada à minha volta. Está escuro; muito escuro, e eu tenho medo.

Ouço uma vós que me chama. Estranhamente, parece-me que já ouvi aquela vós noutro lado. Pega-me na mão e arrasta-me para qualquer lado. É uma mulher, mas não consigo ver-lhe o rosto. Encontramo-nos numa espécie de abrigo. Não percebo nada, mas começo a tranquilizar-me. Há luz no local, mas não consigo perceber donde vem. Velas? Um archote? Acho que é uma lareira. A luz permite-me ver o seu corpo, mas não o seu rosto. Ela começa a tirar a minha roupa molhada, talvez para enxugar na lareira que agora vejo nitidamente. De repente noto que ela também está nua. Abraça-me, acaricia-me e beija-me longamente. Parece-me reconhecer aquele beijo, mas continuo sem lhe ver o rosto. Já não tenho medo, e não entendo porque acho que sei quem é. Resolvo entregar-me sem pensar em mais nada. De repente fico com a sensação de que já estivera naquele local e vivera aquele momento. Esta espécie de déjà vu, provoca-me um despertar quase violento.

Sinto o abraço da minha companheira, que me pergunta se tive um pesadelo. Digo-lhe que está tudo bem, e ela volta a adormecer.

É incrível como nos podemos sentir culpados de algo que não aconteceu.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PENSO EU DE QUE...

Sempre fui de reagir por impulso, e muitas vezes me arrependi depois. Claro que as primeiras reacções, são sempre as mais autenticas, mas raramente são valorizadas como tal.

Hoje é um dos dias em que me sinto particularmente chateado. Tudo porque me envolvi em discussões que não queria ter, mas o tal impulso, foi mais forte do que eu.

Sempre defendi a livre opinião, e a manifestação pública da mesma. Entendo aliás, que o exercício da cidadania, passa pela intervenção dos cidadãos na vida pública, quer a nível politico, desportivo, social ou de qualquer outra índole.

A intervenção critica do cidadão é particularmente importante, quando se destina a denunciar situações de claro prejuízo para a comunidade.

Julgo no entanto que a critica deve ser sempre devidamente fundamentada, e obedecer a critérios que permitam a defesa dos atingidos. Penso também que deve ter em conta que criticáveis não são as instituições, mas as pessoas que as dirigem. Não separar as aguas, pode levar a situações injustas, e naturalmente a reacções de protesto.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

DESABAFOS

Não quero dar uma imagem da minha pessoa. Nada tenho para oferecer para alem do que o homem comum apresenta.
Mas por vezes sinto uma enorme necessidade de falar de mim a mim próprio, mas para me ouvir, pareço precisar que os outros me ouçam também.
Das viagens que faço ao fundo de mim mesmo, regresso normalmente com um profundo sentimento nostálgico, saudoso, e por vezes frustrado, de que passei ao lado de coisas boas, mas que não aconteceram por imaturidade, inexperiência, e uma profunda ingenuidade que ainda hoje me acompanha.
Não pretendo fazer um auto retrato psicológico, mas por vezes acho que as minhas divagações poéticas, mais não são que a procura de esconder a minha incapacidade para agarrar as coisas que eu queria, e cujos fracassos disfarço com poses determinadas palas reacções de auto defesa do meu subconsciente.
A criação de um núcleo familiar é demasiado exigente, e não se compadece com o que não aconteceu. Deve ser por isso que as viagens ao passado, acabam por ser abafadas e as confidências que nos preparávamos para fazer, acabam abruptamente.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

FLEXIGURANÇA EM DIA DE GREVE

A liberdade para despedir
que a alguns faz sorrir
enche-nos de confiança
já não há despedimento
pois a moda do momento
é a flexigurança.

O governo faz previsões
o Zé deixa de contar tostões
a situação está controlada
que se lixem as carreiras
estas politicas porreiras
mandam às malvas a taxa verificada

Isto de não poder comprar
é desculpa de quem não quer pagar
o beneficio da recuperação
sem arrogância nem prepotência
o governo explica com ciência
como o Zé não tem razão

Isto dos direitos sociais
mais essas tretas sindicais
é que dão a trabalheira da negociação
a precariedade laboral
não tem nada de mal
e a polivalência é uma invenção

O regime das aposentações
está cheio de boas intenções
a malta é menos penalizada
reduz-se o tempo de serviço
uma fatia leva sumiço
e a outra é quase nada.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

BAIXAR AS CALÇAS

O nosso governo já tinha baixado as calças. Alguns jornalistas já tinham baixado as calças. Agora foi a nossa justiça a baixar as calças.
Um Tribunal de Lisboa, deu razão aos McCann, e proibiu a venda do livro de Gonçalo Amaral, ex Inspector da PJ, onde defende a teoria de que foram os pais, os principais responsáveis pelo desaparecimento da pequena Madie.
Publicaram-se milhentas teorias sobre quem matou o Presidente Kennedy. Ainda hoje não se tem a certeza de quem matou Rasputin, e sobre isso se escreveram várias hipóteses. Não há noticias de qualquer censura sobre tais escritos. Mas neste jardim à beira mar plantado, não se pode incriminar dois cidadãos do reino de Sua Magestade, mesmo sendo por um policia esperiente, e que acompanhou o caso, até que um abaixamento de calças, correu com ele, do caso primeiro, e da Policia depois.
Esta politica de servilismo externo do nosso País, não só humilhou a nossa policia, deixou mal o nosso Povo, como agora corrompe a nossa justiça.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

INKULTO

Foi sem duvida uns belos momentos de musica a serio, que esta rapaziada dos InKulto nos ofereceu ontem. Confesso que não estava à espera de tanto, e já vi profissionais fazer bem pior. Acho que a quem vive a musica depois de um dia de trabalho noutra actividade, não se pode exigir muito mais.
Um reportório bem escolhido, (da minha geração, ou próximo dela) e a sair com boa fluência, fez-me dar ao pé, algo que não é fácil de acontecer.
Por isso, obrigado rapazes.

"FIO MARAVILHA"

Sávi maravilha nós gostamos de você
Sávi maravilha, faz mais um prá gente vê!!

Correu, driblou três zagueiros
deu um toque que driblou o goleiro
só não entrou com bola e tudo
porque teve humildade em gol.

(gamado no anti-tripa)

domingo, 13 de setembro de 2009

HÍMENOPLASTIA...

A virgindade feminina, outrora valor maior e símbolo de pureza e castidade, e que hoje faz rir qualquer adolescente, pode afinal ser fundamental nos novos tempos.
Acabo de ler uma reportagem sobre hímenoplastia. (Que eu nem sabia que existia)
Ora esta intervenção cirúrgica, não é mais que a reconstrução do hímen.
Mas porque carga de água, hade querer alguém recuperar o que ninguém sabe que perdeu?.
Ao que parece, são as mulheres de alto estatuto social, que normalmente recorrem a esta cirurgia.
Tá-se mesmo a ver a ideia: Vender gato por lebre, mas em grande estilo.
Num País onde há milhares de pessoas em lista de espera para tirar um simples quisto sebacio, digam lá se isto não dá vontade de rir?.

sábado, 12 de setembro de 2009

ESCARAVELHOS


São tão belos, os Escaravelhos
e de tão misteriosa azafama.
Enigmáticos de tão velhos
bem mereciam melhor fama.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

POLITICAMENTE INCORRETO

Hoje veio-me à memória um celebre P.Sor – Montargil, disputado no Matuzarense, e que terminou com a vitória do Montargilense por 2-1 ou 3-2, já não sei bem. Mas foi à quase 40 anos.

Nesse longínquo dia, presenciei uma tentativa de limitar a manifestação de alegria de um adepto, que terminou de forma caricata. Mas antes de vos falar nisso, vou tecer algumas considerações sobre o chamado “politicamente correcto”.

Sou dos que acham que esse tal de “politicamente correcto”, e não estou a falar de educação nem de boas maneiras, muitas vezes não passa de disfarce e medo da verdade ou conveniência pessoal, e outras, de graxisse e subserviência. E lá diz o povo “Mais se deve temer a língua do adulador, que a espada do perseguidor”.

Por outro lado, deve ser uma chatice essa coisa da imparcialidade, da isenção e da neutralidade . Eu não poderia viver feliz, se não pudesse manifestar as minhas preferências, e as minhas paixões.

Agora, cá vai a crónica sobre uma manifestação de alegria quase interrompida:

O jogo aproximava-se do fim. Montargil empatava em Ponte Sôr, e dava baile. Um adepto Lagarto, não continha a sua alegria:

---Montargil olé, Montargil olé.. aí Zezinho…vai-te a eles…dá-lhes….

Outro adepto:

---Esteja calado. Não vê que está ali o Sr. Presidente…

O Montargilense controlou-se…mas não por muito tempo.

---À ganda Maurício… ca ganda defesa…éh éh…estes gajos na valem nada…

O outro volta á carga:

---Não vê ali o Sr. Presidente acompanhado de 2 senhoras? Tenha tento na língua !!

O nosso adepto já estava farto da conversa. De repente…

---Golo…Gooooolooo… foi o Quim Carapau…ca ganda golo…éh éh éh…estes gajos da Ponte Sôr têm a mania, mas vão papálas…áh áh áh

O outro:

---Seja educado. O Sr. Presiden…

---Vá barda#er*a más ó presidente…o único Presidente que conheço, é o Manuel Pires, que ele é que manda aqui na nossa bola, e ele também está aos pulos… tal na tá a m*rd# !!!

Acabou ali a conversa, mas para mim aquele adepto, acabara de marcar um grandessíssimo golo: O golo da liberdade para gostar dos nossos.

PS- O texto não é exacto. Mas digo exactamente o que queria dizer.


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

VIDAS II

Ela olhou para ele. Tinha sido o seu grade amor, e à mais de trinta anos que não o via, mas nunca o esquecera e sempre guardara carinhosamente na sua memória, um pouco da sua lembrança.

Mas ele não estava como ela o imaginara. O seu aspecto de aldeão rude e envelhecido e até um pouco descuidado, nada tinha do garboso moço de que se lembrava. Percebeu que não havia razão para as memórias que se começavam a esfumar.

Ele deu de caras com ela. Continuava linda, como nas suas recordações. Os trinta anos passados, pareciam ter sido ontem.. Pela sua memória, passaram anos de lembranças que nunca o largaram, e que iam e vinham a seu belo prazer, sem que ele pudesse evita-lo. Percebeu que a aproximação do Outono da vida, não apagara totalmente os seus sentimentos, e que ainda tinha problemas do passado para resolver.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O VELHO VEREDAS

É conhecida a facilidade com que por vezes nos devotamos a certos ídolos, que na maioria das vezes se acaba por concluir que têm pés de barro.

Da mesma forma e com igual facilidade, consideramos quase como monstros, pessoas que mal conhecemos, mas de quem se diz “cobras e lagartos”, normalmente sem sequer sabermos porquê.

É de uma dessas pessoas que vou falar.

A história é longínqua de mais de quarenta anos, e foi-me contada por um amigo. É portanto, uma história em segunda mão, mas que vou contar como se fosse minha. Naturalmente que o nome aqui usado, é fictício.

O Veredas, era um velho barbudo, de aspecto descuidado e carapuça sempre enfiada na cabeça, e a quem nunca vira acompanhado de ninguém. Verdade se diga que ele próprio, não era fácil de ver, a não ser por quem se aproximasse do canavial que separava a sua horta, dos terrenos baldios onde a rapaziada costumava brincar. Só que essa aproximação, só por si, já era um perigo enorme, pois todos sabíamos que o Veredas era um velho mau e perigoso, capaz de fazer mal a uma criança indefesa. Não que nós alguma vez tivéssemos visto ou ouvido qualquer ameaça a quem quer que fosse, mas porque era o que todos diziam.

Perto do canavial, eram bem visíveis duas enormes figueiras, carregadas de figos maduros.

A fome era mais forte que o medo, e não havia Veredas à vista. Parecia certo que ele não estava na horta, e o canavial não era obstáculo para um rapagão de sete longos anos.

Não resisti à tentação, nem fiz muito por isso. Enquanto o diabo esfregou um olho, estava em cima da figueira que me pareceu ter os melhores figos.

Não sei quantos já comera, quando ouvi um ruído. Ao olhar para baixo, tive a clara visão do Inferno: O Veredas estava a olhar para mim. Fiquei de tal modo aterrorizado, e o meu medo devia ser tão visível que o próprio Veredas terá tido pena de mim. Olhou-me e falou sem parar:

---“ Escusas de estar a tremer que eu não te faço mal. Come à vontade e podes voltar sempre que tenhas fome. Mas quando acabares, quero as peles dos figos todas enterradas.”

O Veredas afastou-se rapidamente, e foi já a alguma distância que olhou para trás, e gritou:

---“…mas nunca tragas a cesta!!!”

O Veredas afastou-se definitivamente.

A minha pouca idade e o medo de que estava possuído, levou-me a fugir dali a sete pés, sem entender praticamente nada e sem enterrar as peles dos figos que comera.

Nunca mais esqueci o Veredas, e com o passar dos anos, fui entendendo cada uma das suas palavras, até concluir que o Veredas era um Homem bom, que por razões que só a ele respeitavam, escolhera ser solitário e afastar-se dos outros, que por maldade ou ignorância, não o respeitavam nem entendiam a sua forma de vida.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Novas Tecnologias entre Pais e Filhos

Tema recorrente em artigos de psicologia nas revistas e jornais, a hiperactividade e o défice de atenção nas crianças e jovens tem ganhado uma dimensão mediática que será, porventura, maior que a própria realidade. Parece que quase todas as crianças e jovens de hoje, com maior ou menor intensidade, sofrem destas disfunções, o que está longe de ser verdade.

Mas é verdade que a falta de atenção e motivação em relação ás exigências educativas tem sido cada vez mais notada, por professores e pais, em crianças e jovens. Não é, também, desconhecido do público em geral, a associação feita entre estas questões, e as novas tecnologias, vulgo computadores, internet, consolas de jogos e telemóveis (não esquecendo a já cinquentona televisão).

De facto, para pais, professores e agentes educativos em geral, torna-se muito difícil competir com os últimos jogos que saíram para a PlayStation 3. Mas não existem motivos para desespero. Para professores e outros agentes educativos, as novas tecnologias contribuem também para tornar mais atraentes as aulas, senão mesmo expandir a sua função de aprendizagem (caso de consultas guiadas á internet nas aulas, por sites com informação relevante para as matérias leccionadas).

No entanto, cabe ás famílias, desde a idade mais precoce, tanto a preparação das suas crianças para o mais correcto e equilibrado usufruto destas tecnologias (com regras previamente estabelecidas entre pais e filhos), como atrai-las a formas de interagir bem mais clássicas. Estou a referir-me aos jogos tradicionais, aos Legos, aos passeios familiares, em suma, meus caros pais, há que arranjar, desde muito cedo, tempo para BRINCAR com os pequenos. Sabemos das exigências da vida quotidiana, mas brincar com os seus filhos irá capacitá-los para interagirem de forma mais saudável e proveitosa no futuro. Encare isto como um investimento na educação e felicidade pessoal e profissional dos seus filhos (pense também em tudo o que vai poupar em explicadores e psicólogos).

E também você, minha cara mãe ou pai, precisa, talvez, de brincar um pouco. A vida já é tão dura e exigente que, já agora, é melhor aproveitar a alegria dos seus filhos, enquanto eles estão consigo. Uma hora por dia de brincadeira conjunta, será pedir muito? Podem fazer turnos. Há que agarrar a atenção das crianças enquanto é tempo.

Miguel Eduardo Lopes (psicólogo)

We love Mantas, ou Mantas 4ever

É isso mesmo, nós, estudantes, brasileiros, moldavos, ucranianos e gente pobre em geral (onde me incluo), adoramos o maravilhoso edifício Mantas. Não há nada como o Mantas, verde orgulho de Vila Real.

Quer dizer, o edifício em si é um bocado feio. Vá, é um monstro verde, um lagarto escamoso, um assassino da paisagem, mas há muito amor aqui dentro. Enfim, amizade. Quer se dizer, as pessoas dão-se bem. Eu sei isso, afinal ouço perfeitamente as conversas dos vizinhos, já que as paredes parecem ser feitas de papelão (e eu que tenho um tocador de guitarra como vizinho do lado).

Á parte disso, isto é um óptimo sítio para se viver. Não fosse aqueles elevadores e o barulho que fazem, parecendo comboios fantasma, assaltando os meus ouvidos de 10 em 10 minutos, na relativa paz do meu apartamento (muito relativa), isto era mesmo lindo. Quem cá vive percebe. Mas são elevadores simpáticos.
Ultimamente é que o som que fazem mudou, dando a viva sensação que a qualquer altura podem morrer (e já morreram várias vezes, segundo relatos dos vizinhos). No fundo sou um sortudo por poder viver tal aventura (será que chego ao emprego hoje, ou vou ficar mumificado no elevador do Mantas?).
Eu até usava as escadas, é bom para a saúde e tal, mas alguém vomitou lá, já faz dois dias (sim, ainda lá está), e eu acabei de acordar, vou trabalhar, preciso de imagens bonitas, de inspiração para enfrentar a vida. O que é difícil, quando as luzes não funcionam. Sim, agora sei o que um cego sofre para abrir a porta de casa.


Mas eis que se fez luz. Graças ao novo condomínio (justiça lhe seja feita) novas lâmpadas foram instaladas em todos os andares, e até os elevadores deixaram de arranhar as paredes. Já me informaram que a porta de entrada da torre do Mantas (parte onde resido) é coisa recente, e que devo agradecer ao novo condomínio o facto de me preocupar com vomitados de caloiros, em vez de seringas de toxicodependentes. E até o vomitado desapareceu na lavagem semanal de sábado (mas o vomitador criminoso bem pode esperar, vou-te descobrir pá...).
Enfim, até sou feliz, a minha janela dá para a montanha, a linda montanha agora repleta de neve, para o lindo bosque de cores outonais, e para um lindo esqueleto de edifício com duas gigantes caras desdentadas (sou alentejano, novo na cidade, e se há coisas que não percebo é aquela monumental aberração. Não há uma câmara municipal nesta cidade?).
Mas eu adoro o Mantas. A sério. Mantas 4ever.

Miguel Eduardo Lopes

domingo, 6 de setembro de 2009

NÃO HÁ FESTA COMO ESTA.

Foi mais uma viagem por um Mundo diferente.
Comecei no Brasil dos Sem Terra, até Timor Lorosae. Deambulei entre a Palestina e o Chile de Allende, e pelo meio ouvi gritar: "Cuba sim, bloqueio não."
Vi Povos multi-trajados e de muitos falares, mas todos apresentavam no rosto a mesma determinação: SIM, É POSSIVEL.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

VIDAS...

A taberna, qual templo sagrado, à muito que fechara a porta.
Já se apagaram as gargalhadas dos boémios, e o cheiro a azedo provocado pelos estômago mais frágeis, quase desaparecera.
Já todos se foram.

Todos não...! Um ébrio solitário queda-se ainda, estendido na beira da calçada.
Um galo madrugador, anuncia a alvorada.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

ESTOU CONTIGO


Se estás triste
e a fé não existe,
conta comigo.
Se estás só
e a esperança se fez pó,
conta comigo.
Se queres desabafar,
um ombro para chorar,
conta comigo.

Não tenhas pressa de chegar
e vencerás as dificuldades
da caminhada.
Caminha devagar, mas seguro
Aprecia as belezas do caminho
e sê feliz.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

BRINCADERA? AQUI NÃO TEM BRICADERA.

Se bem me lembro, eram prái finais de Outubro de 1974.

A Sucrusal de Luanda, da Manutenção Militar, fazia anos, e o seu chefe, Coronel Mesquita, entendeu que era data a festejar. Encarregou então o1º Sargento Singa, (diminutivo de Singapura, nome de guerra daquele militar, que de guerreiro tinha pouco, mas tinha muito de Homem de paz, e que mantinha com a Soldadagem, uma relação de amizade e respeito) de organizar a festança. Comes e bebes á maneira, com o ponto alto no Baile. ( A MM tinha 200 funcionário civis)

A minha história começa no salão de baile.

Depois de 2 dias de intenso trabalho do 1º Singa, e da sua equipa, finalmente a sala estava nos conformes.

O 1º Singa, não era Homem para deixar nada ao acaso, pelo que resolveu deixar um soldado á porta. Um gigante negro, de nome Neto, que devia medir prái 1,60m. As ordens do nosso 1º, eram claras:

--- Ó Neto! Ficas aqui á porta, e não deixas ninguém meter aqui o nariz. Nem que seja o Presidente da República.

---Tá bem mê Primero. Se você mandas, você é que sabes.

Tudo normal, se a certa altura não tivesse aparecido por ali o segundo Comandante de Região Militar de Luanda, um Brigadeiro de quem já não recordo o nome. O dito Senhor resolveu meter o nariz exactamente onde o 1º Singa, não queria. Ao tentar entrar, aparece-lhe pela frente o soldado Neto, em atitude que não deixava margem para duvidas:

---Tché!!! Você não entras aí, pá.

O Brigadeiro, certamente homem habituado a ser obedecido, reagiu com surpresa:

---Não entro aí porquê?.

---Voçê não entras aí, porque o nosso 1º Singa não quer, e se o nosso 1º Singa não quer, você não entras mesmo.

O Oficial General, tentou demove-lo:

---Tás parvo ou quê? Não vês que sou o Brigadeiro?.

O Neto não se impressionou:

---Brincadera? Aqui dentro não tem brincadera. Aqui dentro, tem Tropa.

O velho militar, de sorriso nos lábios, deu meia volta, e não chateou mais o Neto.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

CARTA AO PRESIDENTE DA NOSSA BOLA: (ou o ca gente na faz por um amigo)

Exmo. Sr. Presidente da bola cá de Mora, resolvi escrever esta carta a vocemeçê, que é para pedir um favor que não é para mim, que não tenho nada com isso, mas é para um amigo que diz que tem um puto que é bom de bola. Pelo menos é o que ele diz, mas o que ele diz, a mim nada me diz, que já o conheço de gingera. Mas como é para jogar aì, tanto me faz.
Diz o meu amigo que o futebol do filho é musica para os olhos de quem o ouve, e para os ovidos de quem o vê. Ou ao contrario, que na ma lembra bem, e ele explica-se mal como ó caraças. Diz até que as suas fintas fazem lembrar obras musicais como o Diluvio Azul, e a Carmina Buraca, e joga melhor do que a Maria Botânica canta. Todo gente que eu na conheço, mas ele é muito bem relacionado. Disse-me tambem que ele até já tem imagens no IU TUBO, que pelo que percebi, é assim uma especie de televisão, mas em redondo.
O meu amigo passou a tarde a pagar-me imperiais na esplanagem do Custódio da Caniçeira, que tambem é aì de Montargil, e depois de uma tarde a beber á Muá, não podia negar-lhe o favor. Tambem não entendo porque raio ele acha que voçês vão fazer caso de mim, mas tambem ele nunca foi muito esperto.
Bom, mas para falar do puto a voçês, tinha de o ir ver jogar. Foi o que fiz.
De facto, ele não joga mal; joga munta mal. Mas não tanto como se possa pensar; é pior ainda. Joga com os dois pés, só que ao mesmo tempo o que dificulta um pouca o equilibrio. Tem um razoavel jogo de cabeça. Só é pena não ter cabeça que se aproveite. Tem a caracteristica de jogar de cabeça levantada. Até lhe chamam cabeça no ar. Manifesta grande empatia com o público, que não lhe regateia apoio: " ó pá, vai pó tê monte","larga a bola ó urso", "levá pra casa ó camelo". Mas ele na sua humildade, não se envaidece. É m jogador que desce com facilidade, mas tem dificuldade em entender onde fica a baliza. Tambem sobe com muito aproposito. Ainda ontem foi apanhado em cima de uma nogueira do Chico da Adega, caté a mulher dele o correu á pedrada. Mas graças á sua velocidade, não saiu lesionado.
Apesar da sua juventude, é um jogador bastante adultero, na sua forma de jogar.
É um jovem de sucesso entre as raparigas, mas não deixa que isso interfira na sua carreira. Ainda há dias, a Tina da praça, que é rapariga que entende dessas coisas, dizia que ele era frango de aviário, que não cantava nem galava. Não percebi bem o que aquilo quer dizer, mas só pode ser um elogio, que vindo da Tina, não é bricadeira.
Seja como fôr, o que eu queria era que voçês me livrassem do chato do pai, que é mais custoso de aturar que uma carraça, e não é por uma tardada de impes, que paga isso. tanto mais que ele é um unhas de fome, que eu bem tentei cravar-lhe uma choriçazita, ou uma farinhera, para acompanhar as imperiais, mas tá queto. Nem ervelhanas. Uns tramoços salgados como o caraças, e já vás bem.
Se por acaso não precisarem de um jogador com estas caracteristicas, tambem não perdem nada com isso.

Desde já agradeço a intenção que me foi dispersada, sou intencionalmente

Zé Lagarto atravessado de Escaravelho