Talvez o mais assustador filme de sempre. A luta ancestral
do bem contra o mal, aqui posta à prova através de cenas de exorcismo real,
onde o poder da sugestão questiona as incertezas da alma.
Foi em princípios de 1975, no cinema MIRAMAR, em Luanda,
que vi o filme pela primeira vez. O Miramar era uma Cine-esplanada lindíssima,
com as filas de cadeiras rodeadas de plantas tropicais. Um cenário idílico,
contrastando com o filme que eu e vários camaradas de armas assistimos.
Aquele grupo do qual eu fazia parte, era constituído por
veteranos de guerra, todos com experiência de combate, e fartos de ouvir tiros
que, sabíamos, eram para nós. Pode dizer-se que era gente a quem o medo já
pouco medo metia. Pois esse grupo assistiu ao filme em silêncio, e com
expressão assustada no rosto. À saída, todos olhavam para todos os lados, como
temendo que aparecesse algo inesperado. Claro que rapidamente todos se armaram
em valentões, sem reconhecer o seu receio e negando o que era evidente; Todos
estavam demasiado impressionados com o que tínhamos assistido.
Chegados à caserna, aqueles homens curtidos por muitos
sois, e habituados a enfrentar o perigo, não deixaram, disfarçadamente, de
levantar a colcha, como se pudesse estar algo perigoso debaixo da cama. Claro
que eu devo ter feito o mesmo.
Nunca mais esqueci, nem o filme, nem o enorme receio, com
laivos de medo, que nós sentimos.