segunda-feira, 30 de novembro de 2009

SOLIDARIEDADE

À porta das grandes superfícies ou dos pequenos mini-mercados, lá estão as Senhoras do Banco Alimentar a apelar à solidariedade dos que vão entrando para fazer as suas compras habituais ou natalícias.
Tempos houve que estas dádivas se destinavam a ajudar uma pobreza que advinha da velhice, da doença ou do abandono. Hoje a situação é mais dramática. Muita gente saudável e em plena idade activa, cai na pobreza extrema, apenas porque lhes é retirada a possibilidade de ganhar pelo seu trabalho, a justiça do seu pão.
Claro que todos estamos obrigados ao dever da solidariedade, tanto mais que não sabemos se chegará a nossa vez de precisar dela, mas um saco de plástico com arroz, massa, açúcar ou feijão, não pode aliviar a nossa consciência.
Há outras lutas a travar, ou o abismo é já ali...

domingo, 29 de novembro de 2009

Dêem a voz aos alunos, se faz favor.

Há quem diga por aí que já não se aprende a escrever ideias nas escolas.

Um erro grave. O texto abaixo mostra que as ideias não precisam da escrita para nada.


Redacção de um Aluno:

Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é perciso
ver q á razões qd um aluno não vai á escola. primeiros a peçoa n se sente
motivada pq axa q a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto montanhoso? ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? ou cuantas estrofes tem um cuadrado? ou se um angulo é paleolitico ou espongiforme? Hã?

E ópois os setores ainda xutam preguntas parvas tipo cuantos cantos tem 'os lesiades', q é um livro xato e q n foi escrevido c/ palavras normais mas q no aspequeto é como outro qq e só pode ter 4 cantos comós outros, daaaah.

Ás veses o pipol ainda tenta tar cos abanos em on, mas os bitaites dos
profes até dam gomitos e a malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem abitos de leitura e q a malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras foi q ele h-xoce bué da rapido e só o 'garra de lin-chao' é q conceguiu assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler tudo qt é livro desde o Camóes até á idade média e por aí fora, qués ver???

O pipol tem é q aprender cenas q intressam como na minha escola q á um
curço de otelaria e a malta aprendemos a faser lã pereias e ovos mois e piças de xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um gravetame do camandro. Ah poizé. tarei a inzajerar?

retirado sem ninguém saber em www.montargilforum.com

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TRASTES, TARECOS E TRALHAS

Cada um é como cada qual. Nada de mais acertado e evidente.

Há até quem seja conservador por vício e liberal por consciência cívica.

Falamos de trastes, tarecos, tralhas, monos e bugigangas que só estorvam mas teimamos em preservar e acrescentar numa cruzada pela contemplação de um espólio de inutilidades que nos reconduz a pessoas, episódios, lugares e circunstâncias por que todas as vidas passam.

É quando mudamos de casa e temos de remexer na memória à vista dessas relíquias adormecidas nos sótãos e caves dos nossos quotidianos que a gente se dá conta do passado que nos persegue numa rota de ziguezagues entre sonhos e pesadelos.

Eu, que guardo o cesto da costura, o ferro de engomar enferrujado, o cachené desbotado e o relógio de parede minado pelo bicho-carpinteiro que eram da minha avó Rosa; o púcaro de lata amolgado, o penico de barro, a manta lobeira e as cabacinhas do catre da minha avó Maria; os cinchos, os funis, as formas das filhós e os espevitadores do fogareiro a petróleo da minha mãe; a foice, a gadanha, a moeira, a forquilha, e a navalha de barba do meu pai; as aivecas, os chocalhos, os guizos e a arrilhada do meu avô António; os barbilhos, os cabrestos, a sovela, e o fio barbante do meu avô Manel; a ardósia, a caneta de molhar e o caderno de duas linhas da minha iniciação escolar; as andas, o estoque, a fisga, a cegarrega e o pião das minhas brincadeiras; bem percebo – oh se entendo – o laureado arquitecto Siza Vieira quando, entrevistado, deixou escapar: “mudar de casa é uma das coisas terríficas da existência. Vamos acumulando coisas, a maior parte das quais não serve para nada. É muito difícil na hora de mudar, que é a oportunidade de dispensar todas as inúteis, a gente desprender-se. Há coisas que tenho no armazém do escritório que não me interessa nada ter. Mas não consigo dar nem deitar fora. Há um agarramento grande. Há uma longa história que é difícil abandonar. È muito doloroso.”

Li, sublinhei e vi-me ao espelho nas lentes dos óculos do assisado arquitecto barbudo.


Um original do Escritor e Poeta Montargilense PRATES MIGUEL , retirado com a devida venia, em www.montargilforum.com/

UM POUCO DE HUMOR..

Um muçulmano durante o período do Ramadão senta-se junto a um alentejano no voo Lisboa - Funchal.

Quando o avião descola começam a servir as bebidas aos passageiros.
O alentejano pede um tinto de Borba.

A hospedeira pergunta ao muçulmano se quer beber alguma coisa.

Responde o muçulmano com ar ofendido:

'Prefiro ser raptado e violado selvaticamente por uma dezena de galdérias da Babilónia antes que uma gota de álcool toque os meus lábios'.

O alentejano engasgando-se, devolve o copo de tinto à hospedeira e diz:

'Eu também, eu também. Não sabia que se podia escolher!!!



terça-feira, 24 de novembro de 2009

ZÁS, TRÁS, PÁS

Os meninos de hoje, vencem facilmente os monstros da Playstation, e dominam os jogos de computador, mas não fazem ideia do que é defrontar “inimigos” a sério, daqueles que têm ideias próprias, e não obedecem a nenhum programa.

Nos idos de 60, entre o fim da Farinha Branca e o principio das Abertas, ou vice versa, no vale do Porto de Burro, situava-se um descampado que assistiu a terríveis combates, lutas renhidas, onde por vezes nem faltava sangue, suor e lágrimas.

Chegados da Escola, e com um bocado de pão e queijo na mão, era velos a caminho do campo de batalha, onde os esperavam novas aventuras, e quiçá, se a sorte estiver do seu lado, novas vitórias.

Jogar ás escondidas ou mesmo jogar à bola, eram jogos interessantes, mas não o suficiente para acalmar aqueles espíritos guerreiros, e aquela vontade de vencer a sério.

Se na Escola éramos obrigados a decorar as vitoriosas aventuras de D. Afonso Henriques e D. Nuno Alvares Pereira, porque não ter as nossas próprias batalhas?.

Não demoravam muito a formação de dois exércitos, exibindo ameaçadoramente artísticas espadas de ripas de madeira roubadas das capoeiras, coelheiras, ou mesmo dos portões das hortas.

Com os exércitos rigorosamente alinhados um diante do outro, iniciava-se o combate: Zás, trás, pás prá qui, zás, trás, pás prá li, tudo com um cuidado inicial por forma a que ninguém se magoasse. Mas não durava muito aquela disciplina de combate. Uma manobra defensiva menos cuidada, e uma espada que atingia a mão. Aquilo doía e ás vezes até fazia sangue. Era o fim do ataque organizado e o principio de pontapés, lambadas e ás vezes até pedradas. Estava instalada a confusão generalizada, e cada um aviava-se como podia.

O anoitecer trazia o som do gong, e o fim dos combates:

- Óh Maneeeeeeel…!!! óh Ameeeeerico…!!! óh Aniiiiibal…!!!!

- Já vou nha maããããe!!!!!

Era a hora de compor a armadura, disfarçar os sinais da luta, por forma a evitar chatice em casa, e fugir as uns humilhantes açoites, o que raramente era conseguido.

Claro que tudo isso era feito entre juras de vingança e marcação de novos combates para o dia seguinte.

Como nobres cavaleiros que éramos, acabávamos por não guardar ressentimentos nem rancores, e no dia seguinte continuávamos amigos, até que novos combates acontecessem.

domingo, 22 de novembro de 2009

PARA LANETY...


O ontem é história

O amanhã é mistério

O hoje é uma dádiva

É por isso que se chama presente.
Acredito que esta vida é especial. Viva e saboreie cada momento. Não permitam que só demasiado tarde compreenda isso.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

OLHA OUTRO...

Como qualquer pescador que se preze, também fui fazer a abertura da pesca ao achegã.

Muito cedo, eu e o meu companheiro de pescaria, o Rodas, iniciamos o nosso calvário. Devo confessar que sou um péssimo pescador. Mas o Rodas não é melhor. Só que tem uma sorte que até faz nervos. Normalmente, ele malha-me, mas o pior, como se isso não bastasse, é que ele faz questão de, no nosso grupo de amigos, continuar a moer-me a cabeça. Ás vezes já nem posso ouvi-lo.

Mas desta vez, tinha a secreta esperança de mudar o rumo da história.

O Rodas, de mochila ás costas, nunca está parado. Eu sou um pouca mais estático. Começamos a pescar perto um do outro, mas logo ele se afastou. Costuma dizer que não gosta de mostrar a sua técnica.

Não demorou muito tempo. Eu nada, e ele a gritar:

---Olha um!!!

Mau!! Pensei eu. E de novo o Rodas:

---Olha outro!!

E eu, zero. Ele de novo:

---Épá, este é “mum” grande!!

Comecei a ficar chateado.

---Olha outro… e outro---

Fiquei farto e fui ter com ele. Ao menos um apanhava peixe.

Quando cheguei junto dele, não vi nada de peixe. Achei estranho.

---Atão o peixe, Rodas?

---Epá, isto da lua nova é lixada. Ainda não tirei nenhum.

---Mau!!! Atão e essa gritaria toda? Olha este olha aquele, e + o outro…

---Ópá! Eu estava era a contar os que deixava fugir.

Do mal, o menos. Não trouxemos peixe, mas desta vez não vou ter que aturar o Rodas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

RETÓRICA APELATIVA

O sonho da heroicidade,

Aparece em qualquer idade.

A civilização ameaçada,

Só preocupa à nossa porta.

Mas se ela já nasceu torta,

Porquê ser “alembrada”?

A indiferença como legado,

A ideia de que é melhor ficar calado,

A dúvida e a desconfiança.

Não tenho culpa. Não estava presente.

Mas quem cala, não consente?.

Não quero isso na minha “alembrança”.

Toda esta “alembradura”

Parece ser doença sem cura.

A linguagem que invento,

Fala de danos colaterais,

Pretensões intelectuais,

Que se vão a cada “alembramento”.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Aquelas rolinhas que eu nem sei o nome...

...mas ao que parece, os caçadores querem autorização para começar a matar.

Hoje levantei-me um pouco tarde. Fui à pressa comprar o jornal, e quando cheguei a casa, tentei estacionar no único lugar livre, à sombra da bela acácia que encima a minha rua. O problema, eram as duas rolinhas que indiferentes à minha intenção, ocupavam o lugar, debicando grãozinhos de qualquer coisa. Buzinei, e nada... pela janela berrei...Héééé...txta.... e lá foram para debaixo dos outros carros.
Como é possível alguém querer matar desportivamente estas aves, que não vêm no ser humano um inimigo, e até buscam a sua companhia? Que raio de raça é a nossa, que até pretende matar os pequenos milagres que a natureza ainda oferece?.
Espero que as autoridades deste país, não vão na conversa dessa susma maluca, disposta a disparar sobre tudo o que mexe, nem que seja um deles.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

QUEM SE LEMBRA?

A propósito de um artigo que estive a consultar sobre o festival Woodstok, resolvi ir à procura dos meus Vinis da época.

A 1º conclusão, é que não sei de metade, mas do que resta, gostaria de saber quem se lembra:
.
George Harrison (my sweet lord)
Johnny Rivers (i'll feel a whole lot better)
Rare Bird (sympathy)
The Tremeloes (hello buddy/ my woman)
Simon and Garfunkel (cecilia)
Elton John (Don't let the sun)
Joe Cocker (Pardon me sir)
Gilbert O'Sullivan (happyness is me and you)
The Moondi Blues (Question)

...e a minha joia da coroa:

DEEP PURPLE

Duplo LP, gravado em Osaka e Tokyo,em 1972 no Japão , com exitos como Highway, Strange kind of Woman, Smokeon the water, ou Spactruckin'.

Este duplo Lp, já me ofereceram uma Moto em troca, e não aceitei.

domingo, 15 de novembro de 2009

RECORDAÇÕES - Feira de Montargil

A feira do meu tempo de menino, faz parte das minhas lembranças mais longínquas. Tão longínquas que se confundem com o meu imaginário.
Idos dos montes, alguns bem longe, lá ia-mos nós a caminho da vila. Ás costas, o saco onde se levava os sapatos, as meias e o farrapo que serviria para limpar os pés descalços, à entrada da vila. Pelo caminho encontrávamos outras famílias. Exibíamos as nossas camisas de TV, enquanto as nossas mães faziam gala das suas saias de tirylene, com minúsculas pregas toda a volta. Por vezes passavam por nós algumas carroças, naturalmente dos mais abastados.

Pouco depois do Senhor das Almas, era a altura de calçar os sapatos, que acabariam por nos morder os calcanhares. No laranjal, era a feira do gado. Para que era do campo, o gado pouco nos dizia. Para nós, a feira era outra.

Ao chegar à primeira escola, ainda antes do largo, já havia feira; alumínios e diversas louças de barro. Mais uns metros, e heis que nos surge o mundo que esperávamos. Quinquilharias, muitos brinquedos e luzes. Muitas luzes, muito som. Dos carrinhos de choque, do carrocel e do circo. Sim !!! do circo. Esse mundo fantástico de onde vinha o som mais apelativo: " é entrar senhores, é entrar. Circo Cardinali, o maior espectáculo do mundo. Burros que falam, mulheres com barbas, homens capazes de engolir facas, e de comer montanhas de vidros, enquanto cospem fogo pelo nariz. Cães amestrados e serpentes capazes de engolir um homem. Duas parelhas de palhaços, duas."

Claro que nós íamos ao Circo. Mas enquanto não chegava a hora, andávamos atrás dos mais velhos. Era ve-los de marreta em punho a bater numa base de ferro, para ver quem elevava mais alto, um certo ponteiro. Cada marretada, 5 tostões. Havia também um carrinho de ferro, que impulsionado pela força do braço, deslizava por um carril, e rebentava uma bomba, lá em cima. Se não rebentava, significava falta de força, e era humilhação certa.

Depois vinham as barraquinhas dos "tirinhos", onde quais pistoleiros do far-west, se descarregavam tiros sobre umas fitinhas que nunca mais partiam, nem os maços de tabaco caiam. Quando os moços fartos de gastar dinheiro, se preparavam para desistir, logo a menina da barraca se encostava ao balcão, e exibia generosamente um decote que prometia tudo e não dava nada. Como a esperança é a ultima coisa que se perde, lá iam mais uns tirinhos.

A feira era também um local onde se encontravam as pessoas que andavam "lá pra baixo", e que só nesta altura vinham à terra.
Claro que ás vezes também havia umas rixas tocadas a vinho tinto e bagaço, algumas delas acabadas na minúscula prisão que havia por de traz da igreja, onde o cabo Matos os punha, para arejar as ideias.

Recordo-me também, que muitas mães e namoradas dos rapazes que andavam "lá fora", não iam à feira.

De volta a casa, já de madrugada, cansados mas felizes e empunhado o brinquedo que nos calhara, ia-mos sonhar com a próxima feira
Da feira da minha infância, sobram as actuais feiras de plástico, quais montras de vaidade, onde nos querem mostrar o que não há, e por vezes esconder o que está à vista de todos.

Mas isso deve ser o azedume provocado pela minha face nostálgica, a falar.
__________________

sábado, 14 de novembro de 2009

PERGUNTAS...PERTINENTES

Há que manter o blog actualizado, e como a inspiração não me trás nada de melhor, resolvi fazer algumas perguntas com alguma pertinência, daquelas que nem sempre temos resposta pronta. São perguntas que todos fazem e andam por aí, não fui eu que as inventei.

- Porque é que se chama "Alcoólicos anónimos" se a primeira coisas que dizemos é " o meu nome é Zé, e sou alcoólico"?

-Porque é que a agua mineral corre pela montanha durante séculos, e tem "data de consumo"?

-Porque é que a torradeira tem sempre uma opção de temperatura que queima as torradas todas?.

-Porque é que os Kamikaze usam capacete?.

-Porque é que o incrível Hulk, quando se transforma, rebenta com a roupa toda, menos as cuecas?.

-Porque é que as pessoas quando perguntam as horas, apontam para o relógio, e quando perguntam onde é a casa de banho, não apontam para as "partes"?.

-Porque é que o Pateta anda sempre de pé, e o Pluto anda sempre de quatro? não são ambos cães?.

-Se o oleo de milho é feito de milho, o oleo vegetal é feito de vegetais e o oleo de figado de bacalhau, é feito de figado de bacalhau, o oleo de bébé, é feito de quê?.

-Porque é que quando te dizem que há triliões de estrelas no céu, tu acreditas, e quando te dizem que tens as cuecas mulhadas, tens de apalpar?.

-Será que os analfabetos sentem o mesmo efeito, ao comer sopa de letras?.

-Porque é que as agulhas para injeções letais dos condenados à morte, são esterelizadas?.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

ARY, 20 ANOS DEPOIS

Poeta castrado não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!



QUADRAS...

Passeia à tua rua
estavas tu ao postigo.
Que linda cara era a tua,
O que pensei então, não digo.

Passaste no meu monte
nem para mim olhaste.
Bebeste água da minha fonte
mas de mim, não te lembraste.

Eu vi-te na Igreja,
tapaste o rosto com o véu.
Não mereço um olhar que seja,
apesar de seres o meu céu.

Passaste à minha vida
e partiste o meu coração.
Mal chegaste, foste embora,
espalhaste o meu amor no chão.

sábado, 7 de novembro de 2009

SOZINHO, CANÇADO, FARTO

SOZINHO COM OS MEUS PENSAMENTOS
CANSADO DAS RELAÇÕES A TEMPO INTEIRO,
FARTO DE INTRUSOS SEMPRE ATENTOS AO MEU
COMPORTAMENTO

A VIVÊNCIA SOCIAL ESTRUTURADA, É UMA TRATA. É MENTIRA QUE
ESPEREM QUE TE PORTES BEM. O QUE ESPERAM É SABER SE TE
PODEM USAR.
VOU FECHAR TODAS AS PORTAS, E NÃO DEIXAR ENTRAR NINGUÉM.
.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

LIBERDADE


A liberdade e a justiça, são dos bens mais preciosos que a democracia oferece, ou devia oferecer.
De entre ambas, a liberdade é, em minha opinião, a que depende mais de cada um de nós por isso, mais acessível.
Mas ao contrario de poderia parecer, todos nós demonstramos uma enorme incapacidade de partilhar essa bênção.
Continuamos assim, a rotular o que pensa diferente, o que tem outra cor, outro clube, outro partido, ou simplesmente o que mora do outro lado da rua. E o pior é que o fazemos normalmente de forma traiçoeira, pela calada, e sem dar hipótese de defesa a quem atingimos.
Se não repensarmos a nossa atitude, mais tarde ou mais cedo acabaremos por cair num tribalismo intelectual, e num mundo que inevitavelmente terminará à porta da tribo.

domingo, 1 de novembro de 2009

ADEUS CAMPEÃO

A morte não escolhe os piores. Se assim fosse, o Isalindo era dos últimos a partir.
O Isalindo não era apenas o nosso campeão da malha; Era principalmente um Homem bom. Poucos como ele, sabiam valorizar a amizade, e cultivar o convívio entre as pessoas.
O nosso Bairro, a nosso terra, ficaram agora mais pobres.

Até sempre, Campeão.