quarta-feira, 2 de setembro de 2009

BRINCADERA? AQUI NÃO TEM BRICADERA.

Se bem me lembro, eram prái finais de Outubro de 1974.

A Sucrusal de Luanda, da Manutenção Militar, fazia anos, e o seu chefe, Coronel Mesquita, entendeu que era data a festejar. Encarregou então o1º Sargento Singa, (diminutivo de Singapura, nome de guerra daquele militar, que de guerreiro tinha pouco, mas tinha muito de Homem de paz, e que mantinha com a Soldadagem, uma relação de amizade e respeito) de organizar a festança. Comes e bebes á maneira, com o ponto alto no Baile. ( A MM tinha 200 funcionário civis)

A minha história começa no salão de baile.

Depois de 2 dias de intenso trabalho do 1º Singa, e da sua equipa, finalmente a sala estava nos conformes.

O 1º Singa, não era Homem para deixar nada ao acaso, pelo que resolveu deixar um soldado á porta. Um gigante negro, de nome Neto, que devia medir prái 1,60m. As ordens do nosso 1º, eram claras:

--- Ó Neto! Ficas aqui á porta, e não deixas ninguém meter aqui o nariz. Nem que seja o Presidente da República.

---Tá bem mê Primero. Se você mandas, você é que sabes.

Tudo normal, se a certa altura não tivesse aparecido por ali o segundo Comandante de Região Militar de Luanda, um Brigadeiro de quem já não recordo o nome. O dito Senhor resolveu meter o nariz exactamente onde o 1º Singa, não queria. Ao tentar entrar, aparece-lhe pela frente o soldado Neto, em atitude que não deixava margem para duvidas:

---Tché!!! Você não entras aí, pá.

O Brigadeiro, certamente homem habituado a ser obedecido, reagiu com surpresa:

---Não entro aí porquê?.

---Voçê não entras aí, porque o nosso 1º Singa não quer, e se o nosso 1º Singa não quer, você não entras mesmo.

O Oficial General, tentou demove-lo:

---Tás parvo ou quê? Não vês que sou o Brigadeiro?.

O Neto não se impressionou:

---Brincadera? Aqui dentro não tem brincadera. Aqui dentro, tem Tropa.

O velho militar, de sorriso nos lábios, deu meia volta, e não chateou mais o Neto.

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