segunda-feira, 7 de setembro de 2009

We love Mantas, ou Mantas 4ever

É isso mesmo, nós, estudantes, brasileiros, moldavos, ucranianos e gente pobre em geral (onde me incluo), adoramos o maravilhoso edifício Mantas. Não há nada como o Mantas, verde orgulho de Vila Real.

Quer dizer, o edifício em si é um bocado feio. Vá, é um monstro verde, um lagarto escamoso, um assassino da paisagem, mas há muito amor aqui dentro. Enfim, amizade. Quer se dizer, as pessoas dão-se bem. Eu sei isso, afinal ouço perfeitamente as conversas dos vizinhos, já que as paredes parecem ser feitas de papelão (e eu que tenho um tocador de guitarra como vizinho do lado).

Á parte disso, isto é um óptimo sítio para se viver. Não fosse aqueles elevadores e o barulho que fazem, parecendo comboios fantasma, assaltando os meus ouvidos de 10 em 10 minutos, na relativa paz do meu apartamento (muito relativa), isto era mesmo lindo. Quem cá vive percebe. Mas são elevadores simpáticos.
Ultimamente é que o som que fazem mudou, dando a viva sensação que a qualquer altura podem morrer (e já morreram várias vezes, segundo relatos dos vizinhos). No fundo sou um sortudo por poder viver tal aventura (será que chego ao emprego hoje, ou vou ficar mumificado no elevador do Mantas?).
Eu até usava as escadas, é bom para a saúde e tal, mas alguém vomitou lá, já faz dois dias (sim, ainda lá está), e eu acabei de acordar, vou trabalhar, preciso de imagens bonitas, de inspiração para enfrentar a vida. O que é difícil, quando as luzes não funcionam. Sim, agora sei o que um cego sofre para abrir a porta de casa.


Mas eis que se fez luz. Graças ao novo condomínio (justiça lhe seja feita) novas lâmpadas foram instaladas em todos os andares, e até os elevadores deixaram de arranhar as paredes. Já me informaram que a porta de entrada da torre do Mantas (parte onde resido) é coisa recente, e que devo agradecer ao novo condomínio o facto de me preocupar com vomitados de caloiros, em vez de seringas de toxicodependentes. E até o vomitado desapareceu na lavagem semanal de sábado (mas o vomitador criminoso bem pode esperar, vou-te descobrir pá...).
Enfim, até sou feliz, a minha janela dá para a montanha, a linda montanha agora repleta de neve, para o lindo bosque de cores outonais, e para um lindo esqueleto de edifício com duas gigantes caras desdentadas (sou alentejano, novo na cidade, e se há coisas que não percebo é aquela monumental aberração. Não há uma câmara municipal nesta cidade?).
Mas eu adoro o Mantas. A sério. Mantas 4ever.

Miguel Eduardo Lopes

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