terça-feira, 25 de maio de 2010

VIZINHOS

Comemora-se hoje o dia Europeu dos vizinhos.
Sou do tempo em que o vizinho era como um familiar, com o qual partilhava-mos parte da nossa vida, da nossa casa e da nossa mesa. A solidariedade não era palavra vã, e em casa de aflição, o vizinho ajudava sem precisar de ser chamado.
Hoje tudo é diferente. A vida urbana fomenta o individualismo e a indiferença, e os que vivem perto de nós, acabam por ser estranhos na nossa vida.
Antigamente desenvolviam-se laços de amizade entre a vizinhança. Hoje limita-mo-nos a achar que o que vai fora de nós, vai bem.
A antiga forma de vida, perdeu-se completamente.

5 comentários:

  1. Brilhante visão da realidade, meu caro. Tanto no que diz respeito ao passado, como ao presente.
    Sou do Campo, e só de lá saí com o casamento. Não tinha Luz, não tinha casa de banho nem agua canalizada. Mas tinha vizinhos, com os quais passava enormes serões. Enquanto os homens jogavam as cartas e bebiam bagaço com passas de figo e as mulheres falavam de custura e dos filhos que tinham "lá fora", nós os putos bricavamos com os briquedos feitos por nós, e esperavamos impacientes, pelo bolo que estava a acabar de fazer.
    Havia uma enorme confiança entre todos e apesar das dificuldades da época, eramos uma comunidade feliz.
    Hoje já nem se sabe que esse mundo existiu.

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  2. A realidade é que o mundo actual já não é o que era dantes. É incontornável. A estrutura familiar, os hábitos e as vivências sociais, tudo se alterou no espaço de uma ou duas gerações. Na generalidade para melhor, no entanto e reconhecidamente, algumas qualidades foram-se perdendo e a vizinhança de outros tempos já não existe. Subsistem felizmente sentimentos de solidariedade e de cordialidade que atenuam, de certa forma, aquilo que se perdeu.

    Temos actualmente ao nosso alcance outras de forma de convivência, de que este meio de comunicação é um exemplo, que proporcionam um outro espaço alargado a novas formas de amizade e de vizinhança, agora à escala global. Poderão dizer que não é a mesma coisa, mas para mim, que entrei recentemente nestas andanças da blogosfera, tenho esse sentimento.

    Quero, por isso, enviar um abraço ao amigo Aníbal e a todos os vizinhos do Blog.

    C.B.

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  3. Para mim estas um Grande Saudosista!!!!

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  4. Sem duvida que o mundo mudou. Mas o mundo mudou-nos também, e isso já não sei se é bom.
    Os dois comentários dos meus amigos, soam-me de maneira diferente: O primeiro, de melancólica saudade, vem claramente ao encontro da minha memoria, e comungo totalmente do mesmo sentimento, até porque também sou um homem do campo.
    O segundo, muito mais virado para a compreensão do futuro inevitável, demonstra uma clara identificação com a modernidade, em prejuízo das memórias do passado,apesar da sua presença, ou do seu conhecimento, e com um discurso muito mais pragmático.
    No fundo , os dois têm razão, ou antes; Nós os três temos razão.

    Um abraço aos dois.

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  5. Amigo das 22:32, Tem toda a razão. Sinto-me de facto saudosista. Acho que é próprio da velhice. Mas atenção, só sinto saudades das coisas felizes. O passado tinha vicissitudes de tal forma maléficas, que ainda hoje não nos vimos livres delas.

    Abraço.

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