segunda-feira, 5 de julho de 2010

UMA HISTÓRIA ANTIGA


A minha passagem militar por Angola constitui ainda hoje, motivo para recordar com saudade os momentos de grande companheirismo e solidariedade de grupo que aí vivi.
Quem viveu situações de guerra, sabe da importância de sentir que há um companheiro que nos defende as costas.

Posso dizer que fui um militar que não passou despercebido, e cujos méritos foram reconhecidos e oficialmente louvados. Faço questão de dizer que os meus méritos, se os houve, nada tiveram de heróicos.

O meu único problema disciplinar, ia-me saindo caro, mas fui salvo por ter algum estatuto.
Por muito simples que pareça o meu erro, ele foi considerado grave.

Certo dia, estando eu de "Cabo de dia", competiu-me ser eu o militar que içava a bandeira durante o render da parada.
Quem conhece este cerimonial militar, sabe a importância que tinha, não só protocolar, como do seu significado enquanto demonstração de poder e posse sobre qualquer coisa.

Pois bem, foi num desses dias que inexplicavelmente icei a bandeira de pernas para o ar.
De nada me apercebi e ninguém se atreveu a interromper aquela "movida guerrilheira".

Acabada a cerimónia, dispersaram as forças, e o Cabo Lopes a ser chamado ao Comando, onde ouviu das boas, quase acusado de alta traição.

Não é por acaso que venho falar disto. Hoje ao fazer umas pesquisas no youtube, dei com uma reportagem da SIC sobre uma visita do nosso Presidente à Polónia. Então não é que lá estava a nossa bandeira de pernas para o ar??
Até estes protocolos altamente preparados, falham.
Não sei de o Coronel Mesquita viu esta reportagem, mas se viu, deve ter-se lembrado de mim.

3 comentários:

  1. Ora viva, amigo Aníbal.

    São as histórias da sua memória, sempre lembradas e sempre presentes.

    E eu estou a lembrar-me, nestes dias de extremo calor, de todos os que são obrigados a trabalhar debaixo de temperaturas superiores a 40 º C, e das maneiras que usam para minimizar essa adversidade. Vimos na TV o calceteiro da Amareleja que, para além de diversificar o horário, trabalhando das 6 às 13 horas, para fugir ao calor, ainda usava um chapéu-de-sol, como na praia ou no jardim.

    Aqueles que podem trabalhar em ambientes com ar condicionado não se devem esquecer de dar o valor àqueles que o não podem. E aqueles que não o tendo, o poderiam ter, deveriam exigi-lo, de forma a melhorar consideravelmente as suas condições de trabalho.

    E agora estou a lembrar-me da memória da história. E de todos aqueles que, há 5 ou 6 mil anos, construíram as pirâmides do Egipto. O calor era muito maior, a jornada de trabalho muito mais longa, as pedras muito mais pesadas e quando acabavam o trabalho não tinham as casas frescas e em condições. E trabalhavam permanentemente com o chicote no lombo e com as cobras e os escorpiões a picar-lhes os pés.

    Bolas. Se hoje dizemos mal do Sócrates, podemos imaginar o que aqueles desgraçados não haviam de dizer do Faraó!

    Era a vida.
    E continua a ser.

    Um abraço.
    C.B.

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  2. Amigo C.B. não sei como isto acontece, mas mesmo depois de aprovado, o seu cometário não aparece. Não é a primeira vez que me acontece, e por vezes acaba por aparecer mais tarde.
    Vamos ver...

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