quarta-feira, 19 de agosto de 2009

UMA CARACOLADA.

Ao longo dos anos, vão-se acumulando na nossa memória, estórias que ainda hoje nos fazem sorrir.

Hoje vou falar do Ti Joaquim das Mantas, infelizmente já falecido. Foi um dos fundadores da CHE Morense, cooperativa de habitação, da qual eu também faço parte, onde sempre esteve presente.

Certo dia, estando o Ti Joaquim de serviço ao bar da sede social, resolveu fazer uma caracolada, petisco de que se gabava de ser um verdadeiro mestre.

Enquanto o resto do pessoal se entretinha numa de sueca ou doninó, o Ti Joaquim deambulava entre o balcão e a cozinha, numa total dedicação à famosa caracolada.

Não demorou muito a ficar pronto, o delicioso manjar. Encostado ao balcão, o Ti Joaquim provava os caracóis com expressão de verdadeiro prazer, enquanto exclamava:

-- Huuummm… está vaginal…

A turba levantou-se que nem uma mola, derrubando cadeiras, e caindo sobre o balcão:

--- Tambem quero provar…também quero provar…

Acho que o Ti Joaquim nunca chegou a perceber que não era bem aquilo que queria dizer.

4 comentários:

  1. Recordo a minha primeira impressão de M - uma mulher alta, esguia e extremamente agradável - tive, logo ali, uma especial curiosidade acerca da sua memória e conduta social. Havia quem dissesse que a sua atitude era excessiva e desapropriadamente disponível. M não só era agradável e alegre, como parecia desejosa de estabelecer contacto com quase todas as pessoas que a ela se dirigiam. Vim a saber que esta mesma atitude de abertura era dominante em todas as áreas da vida de M. Fazia amigos com facilidade, estabelecia ligações românticas sem qualquer dificuldade, pouco tempo depois de conhecer uma pessoa, não se coibia de a abraçar e de lhe tocar e aqueles em quem confiava tinham, muitas vezes, abusado da sua confiança. Por outro lado, era, uma mãe cuidadosa, tentando arduamente comportar-se de acordo com as regras sociais. A natureza humana é difícil de descrever e cheia de contradições, mesmo em situações favoráveis...
    É assim caro Aníbal, vaginal...

    ResponderEliminar
  2. Caro JR, a sua M é muito mais profunda e complexa que o meu Ti Joaquim das Mantas. Este trocou o divinal por vaginal por engano ou confusão. Aquela assumiu uma atitude comportamental por opção.
    Não sei se a sua M é real, mas a história é interessante e, principalmente, está muito bem escrita e permite algumas reflexões.
    Parabéns.

    ResponderEliminar
  3. Comecei há dias, mais propriamente há semanas, a construir um blogue. Nada de mais, apenas um local para colocar alguns registos de passagens que a vida me vai deixando e que gostaria de repartir com familiares e outros amigos. Coloquei algumas fotos, uns vídeos, mas ficou-me uma sensação de vazio que achei só poder preencher com algumas linhas de texto. Comecei a martelar o teclado, principalmente a tecla de apagar, porque as palavras teimavam em não se encaixar umas nas outras. E as imagens lá ficaram a falar por elas, a quererem dizer mil palavras cada uma mas a precisarem de mais meia dúzia. Foi portanto com um misto de surpresa e um bocadinho de inveja mas principalmente de admiração, que descobri os agradáveis textos que o Amigo Aníbal aqui vai deixando. Mas mais que os textos, são os sentimentos que deles brotam, que me fazem suspirar mais profundamente, talvez por, também eu, me identificar com os caminhos velhos que tão bem descreve, não os mesmos, evidentemente, mas muito parecidos. Muitos parabéns Amigo Aníbal, continue porque eu vou ser um leitor assíduo das maravilhosas estórias que, tenho a certeza, ainda nos irá contar.

    ResponderEliminar
  4. Olá amigo Zé Caeiro.
    Quem fotografa como o amigo, não precisa de muitas palavras. Sou dos que pensam que a fotografia é uma arte superior, a quem as palavras nem sempre fazem justiça.
    Aproveito para informar os meus visitantes de que a fotografia do cabeçalho deste Blog, e que já mereceu algumas referências elogiosas, é de sua autoria.
    Espero que me envie o link do seu Blog.
    Abraço, e volte sempre.

    ResponderEliminar