sexta-feira, 18 de junho de 2010

MORREU SARAMAGO


Morreu hoje o Nobel da literatura de 1998. Foi e será sempre um dos grandes vultos da cultura Portuguesa.
A sua escrita tornou-se de tal forma universal, que foi traduzida em mais de 30 línguas. o seu Nobel deu uma nova visibilidade à língua portuguesa e à sua cultura.
Mas isso não chegou para ser amado por todos os seus pares. Saramago também não era de evitar polémicas, nem em termos políticos nem sociais. Ficaram celebres as suas declarações sobre a Bíblia, que lhe valeram fortes criticas dos Católicos.
Não sou nem de perto nem de longe a pessoa indicada para falar da sua obra, pois a minha cultura a tanto não chega, mas isso não me impede de ter opinião.
Li alguns dos seus livros, mas confesso que não li todos os que comprei. Dos que li, não me apaixonei por nenhum, e tive até por vezes, dificuldade de entender exactamente o que queria dizer.
Considero-o um escritor de intervenção, mas que parecia que escrevia mais para ser lido pelos inimigos do Povo, do que pelo próprio povo. Para quê escrever um ensaio sobre a cegueira, se esse ensaio não é entendido pela cegueira de um povo que não entende palavras caras, quanto mais metáforas complicadas.
Enquanto escritor de intervenção, ficou a dever ao povo uma obra tipo "pegar o touro pelos cornos, e chamar os bois pelos nomes".
Espero que ele me perdoe estas minhas simples opiniões, como eu lhe perdoei por ser contra a Regionalização. e ter apoiado o Dr. António Costa, à câmara de Lisboa.

7 comentários:

  1. Ora viva, amigo Aníbal.

    Depois de alguns dias de “férias” estou de volta ao seu Blog. E logo no dia da morte de José Saramago. A lei da vida é assim, mas tenho que manifestar um profundo pesar pela morte do Homem e do Escritor, figura maior desta mudança do século português.

    As polémicas que viveu, quer por iniciativa própria, que as que foram criadas por outros, condicionaram a apreciação das suas obras por parte de muita gente, conforme o meu amigo pessoalmente reconhece. Mas para gostar de Saramago é preciso começar devagarinho. Estou certo que se ler o “Levantado do Chão” se vai identificar mais com a obra e com o autor (independentemente das questões de estilo literário). Mais difícil será o “Memorial do Convento” ou, como refere, o “Ensaio sobre a Cegueira”. Mas a obra é tão vasta, que será fácil ler e começar a gostar. Se ler “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, a “História do Cerco de Lisboa” ou “A Jangada de Pedra”, facilmente chegará aos polémicos “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” ou “Caim”. Passando também por crónicas, peças de teatro e memórias de viagens.

    Lavre, o Alentejo, Portugal, a Jangada de Pedra e todos os Levantados do chão estão de luto mas, ao mesmo tempo, felizes por terem tido uma voz e uma divulgação através de Saramago. O que nenhum Lara, sub-secretário, secretário ou primeiro não conseguirão abafar.

    E, como uns diziam na altura das polémicas - ele era bom, mas era COMUNISTA. E diziam outros – ele era comunista, mas era BOM.

    Obviamente, que, mais do que comentar a sua opinião, esta minha modesta intervenção tem como objectivo principal estimular, junto dos amigos do Blog, o interesse e o gosto pela obra de José Saramago.

    Um abraço.
    C.B.

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  2. Naturalmente que o comentador C.B. é um conhecedor da obra de José Saramago, mas verdadeiramente interessante, é a opinião do Postador.
    Concordo totalmente que facto da falta de conhecimentos, não seja impeditivo de ter opinião, até porque a consciência das nossas limitações, normalmente traduz-se em opiniões sensatas.
    Claro que Saramago não era muito acessível a uma população pouco escolarizada, como acontece com outros escritores, mas esse é um problema que tem outro nome.
    Permitam-me uma pequena alusão ao apoio ao actual Presidente da CML: Julgo que tem a ver com a Casa dos Bicos, o que só prova que Saramago era tão humano como qualquer de nós.

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  3. Depois de ter colocado este Post, ouvi tanta gente boa vir ás televisões dizer maravilhas de Saramago, alguns até dos que sempre foram seus críticos, e até dos que lhe fizeram, ou tentaram fazer mal, que achei que o meu post era completamente descabido. Afinal, para alem de ser do meu Partido, Saramago também era do meu Clube.
    Mas nunca fui de me fazer passar pelo que não sou. Se acho Saramago (como outros)muita areia para a minha camioneta, não vou escamotear o facto.
    Por outro lado, os nossos estudantes vêm-se à rasca com Camões, Gil Vicente e Pessoa, e chegam a doutores, por isso eu também posso ultrapassar as minhas dificuldades.
    Confesso que hoje não estou nos meus melhores dias, mas agradeço os vossos comentários, especialmente o do Amigo C.B. que é sempre um valor acrescentado neste cantinho.

    Abraço

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  4. pois é mosca nao fales de saramago quando não o conheces-t e como é sabido de todos há muito que ele andava de costas voltas com a foice e o martelo

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  5. Suponho que o mosca sou eu.
    Apesar da sua valentia anónima, não o vou deixar sem resposta: É claro que quem não conheceu Saramago, foi o Sr. Nem Saramago nem qualquer outro escritor que lhe transmitisse um pouco de educação ou qualquer outro principio nobre.
    No fundo, V.Exa. não passa de um cobarde incapaz de defender as suas ideias. É mais um dos sem carácter que proliferam pela blogosfera, porque na rua, cara a cara, têm medo da própria sombra.
    Não precisa responder, porque não será ouvido.

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  6. Amigo Anibal, não costumo comentar os seus post´s, não porque discorde deles, mas porque, geralmente, exprimem os meus sentimentos e não sinto necessidade de os repetir. No entanto, em relação a Saramago, desculpe o amigo, mas não concordo consigo. Comecei por "Levantado do Chão" e, das suas obras mais conhecidas, só ainda não li "Caim". Saramago impunha-nos a reflexão, mas com palavras simples e personagens humildes de gente do povo. Os habitantes de Lavre, os milhares de pedreiros que construíram o Convento, Baltazar e Blimunda, ou o condutor que levou um Elefante a atravessar metade da Europa a partir de Lisboa, entre tantos outros personagens das suas várias obras, eram, normalmente, gente do Povo e, em todas elas, o escritor se sentava numa cadeirinha, junto de nós, os leitores, para nos ajudar a perceber toda a história, sem nunca nos abandonar. Nunca vi Saramago em pessoa, ao vivo, mas senti a sua morte como se de um amigo se tratasse, como de alguém que me fez companhia durante muitas horas, analisando, discutindo, argumentando e esclarecendo, com uma lucidez impressionante, sobre os problemas da humanidade.
    Repito o conselho do seu amigo C.B.: Experimente " Levantado do Chão" para se adaptar ao estilo de pontuação que Saramago, tão mestriamente, utilizou. Depois, passe por cima da "Jangada de Pedra" e deixe-se elevar pela Passarola do Padre Bartolomeu de Gusmão e aprecie as escapadelas de D. João V e a construção do Convento de Mafra em "Memorial do Convento". Aí, talvez já se sinta com vontade de se lançar no "Ensaio Sobre a Cegueira", talvez o mais complexo livro de Saramago, sobre a condição humana. Vai ver que não se arrepende.
    Um abraço

    Zé Caeiro

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  7. Boas, amigo Zé. Obrigado pelo seu comentário.
    Ainda hoje estive a ouvir uma entrevista com José Luís Peixoto, em que focava a importância de ler a obra de Saramago de forma sequencial, para um melhor entendimento do seu pensamento e da evolução da sua escrita.
    Acho que o meu erro, foi começar a ler Saramago, começando pelos "mais difíceis".
    Mas estas conversas despertaram-me a vontade para uma nova e diferente abordagem da leitura de Saramago.
    Seja como for, o meu problema com a leitura de Saramago, só tem a ver com as minhas próprias limitações, e não pretendo fazer passar outra ideia.

    Um abraço

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