segunda-feira, 22 de março de 2010

POEMA PARA UMA ESTRELA





Poema para uma estrela
de longínqua constelação
porque tanto quero vê-la
solto a imaginação
.
Recordações formosas
um gentil pensamento
um ramo de rosas
um sorriso de momento
.
Uma velha paixão
uma doce lembrança
uma breve sensação
da antiga esperança.
.
Profunda melancolia
suspensão da memória
desvanece a alegria
o fim da história.

8 comentários:

  1. VERDADEIRA APRENDIZAGEM

    “Será possível observar de perto, sem qualquer distorção? Talvez valha a pena debruçarmo-nos sobre isto. O que é ver? Poderemos olhar para nós próprios, olhar para a realidade básica que é o nosso «eu» - que é avidez, inveja, ansiedade, medo, hipocrisia, ilusão – poderemos olhar tudo isto, sem qualquer distorção?
    Será que podemos passar algum tempo… a tentar aprender a olhar? Aprender é um movimento constante, uma constante renovação. Não se trata de “ter aprendido”, e olhar a partir a partir daí. Ao escutarmos aquilo que está a ser dito e ao olharmo-nos um pouco a nós mesmos, aprendemos e experienciamos algo; e a partir desse aprender e desse aprender e desse experienciar é que vamos olhar.
    Geralmente, olhamos com a memória daquilo que “aprendemos” e daquilo que experienciamos; com essa lembrança na mente é que olhamos. Portanto isso não é olhar, não é aprender. Aprender implica uma mente que aprende a cada momento, como se fosse sempre pela primeira vez. É uma mente que está sempre inocente para aprender. Tendo isso bem presente, não estamos interessados em cultivar a memória mas, antes, em observar e ver o que realmente acontece. Vamos tentar estar bem despertos, bem atentos, para que aquilo que observamos e aprendemos não se torne em memória, com a qual vamos depois olhar, o que seria já uma distorção. Vamos olhar como se fosse sempre a primeira vez. Olhar, observar aquilo que é, com uma lembrança, significa que a memória comanda, molda ou direciona a nossa observação e, portanto, deforma-a. Podemos prosseguir a partir daqui?
    Queremos descobrir o que quer dizer observar. O cientista pode olhar para uma coisa através do seu microscópio e observá-la muito de perto; há um objecto exterior e ele olha para ele sem qualquer preconceito, ainda que com alguns conhecimentos que sejam necessários para a observação. Mas, no nosso caso, estamos a observar a estrutura total, todo o movimento que é viver, o ser inteiro que sou «eu». Isto tem de ser observado não intelectual e emocionalmente e sem qualquer conclusão sobre se está certo ou errado, ou se “isto não deve ser”, ou se “isto deveria ser”. Portanto, antes de podermos olhar intimamente, temos de estar conscientes deste processo de avaliação, de julgamento, de formação de conclusões que acontece e que vai impedir a observação.
    Por agora, estamos interessados não no acto de olhar, mas naquilo que está a olhar. Estará o instrumento que olha manchado, distorcido, torturado, condicionado? O importante não é o ver, mas sim a observação de nós mesmos, o instrumento que está a olhar. Se tenho uma conclusão, por exemplo, o nacionalismo, e se observar com esse profundo condicionamento, com esse exclusivismo tribal chamado nacionalismo, obviamente que vou olhar a partir de um enorme preconceito; portanto, não posso ver com clareza. Por outro lado, se estou com medo de olhar, isso obviamente é um olhar distorcido. Ou se ambiciono a “iluminação espiritual”, uma posição social mais alta, ou o que quer que seja, então isso também impede a clareza de percepção. Cada um tem de estar atento a tudo isso, atento ao instrumento que está a olhar e reparar se ele está limpo”

    In: págs 182 e 183 de: O Voo da Águia, de Krishnamurti, da Editorial estampa, Lisboa - 2002

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  2. "...Geralmente olhamos com a memória do que aprendemos e daquilo que experienciamos. Com essa lembrança na mente, é que olhamos. Portanto isso não e olhar, não é aprender."

    Mas assim sendo, para que serve a memória de cada um de nós? e as nossas vivências? e o que nos transmitiram os outros? não aprendemos nada até agora? nada disto contribui para o nosso auto-conhecimento, nem para a nossa própria visão da vida?.
    Não acredito que para uma nova forma de observação, eu tenha de esvaziar a mente e o espírito, de tudo o que aprendi vivendo. Acho que seria redutor de tudo o que me esforcei ao longo da vida.

    Não duvido da inspiração transcendental de Krishnamurti, mas acho que a minha simples mortalidade, tem de valer mais qualquer coisa.

    Obrigado amigo J. Ás vezes faz falta pensar um pouco.

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  3. Amigo Aníbal,

    Por norma fujo de polémicas, que muito destroem.
    Como aliás viu, só lhe quis apresentar melhor o meu grande amigo Krish., que considero o maior (anti)pensador de todos os tempos.
    Outros com nome, como por exemplo David Bohm, antes de mim assim o consideraram também.
    Aliás, só dois pequeníssimos problemas tenho com Krishnamurti: numas coisas penso que só tenho que o levar às últimas consequências (p.e., aplicar ao tempo e memória tecnológicos as suas descobertas sobre o tempo e memória psicológicos), noutras que terá ele ido demasiado longe, c.p.e., quando defende a não competição (polémica), de todo em todo...
    Mas, nada que Lao Tzé não ajude a resolver:

    somos e não somos;
    sabemos e não sabemos;
    caímos e não caímos;
    morremos e não morremos;
    reencarnamos e não reencarnamos...

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  4. Caro Joaquim, como se compreende,não tenho capacidade para entender devidamente os grandes filósofos, como aliás é natural, já que não tenho as bases necessárias para tal. No entanto não me recuso a tentar compreende-los, nem a discordar deles se assim me parecer.
    Por outro lado, também me parece que a filosofia dos grandes pensadores, se destina aos seus iguais, e não ao comum dos viventes, porque se assim fosse, por certo seria mais fácil perceber o que pensam.

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  5. Amigo,

    Krish. não será propriamente um filósofo: é essencialmente o homem do facto/ideia, até pouco apreciador de políticos, filósofos, religiosos tradicionais...
    Já sobre capacidade para entender faz-me lembrar do prof. César de Oliveira, também já falecido, que dizia: " qualquer pessoa de inteligência média pode tirar um curso superior"
    Mas, Krish. vai mais longe: a inteligência estabelecida é geralmente muito curta...
    E, onde acima escrevi "tempo e memória tecnológicos" devia ter acrescentado "físicos e fisiológicos"
    E,a ciência baseada tantas vezes na estatística e na norma estará certa?
    O que está fora da norma estará forçosamente errado? Ciência não admite excepções? Ou também existirá a ditadura da ciência?
    O que não há dúvida é que a solução para um problema ou, mais propriamente dois ou três problemas (onde está o problema único?) nunca se repete.

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  6. Meu amigo Aníbal,

    Espero bem que não o esteja a empatar...
    E, claro, tão pouco L. Tzé foi filósofo no sentido de só ser/pensar e muito pouco fazer.
    E:
    Tudo se move, tudo pulsa em cada momento,
    em cada instante, mesmo quando aparentemente parado ou morto:
    (... "e no entanto ela move-se!" - Galileu)
    Ela, a grande, a incrível Terra move-se sem parar.
    Ou, será que não estamos na Terra?
    Também se movendo o Sol, também se movendo
    a Via Láctea... Sem parar, sem parar...
    Talvez, até a alguma implosão/fusão/..., e, a um a novo rearrancar!:

    Não pois partida, nem chegada,
    nem final, nem objectivo,
    nem centro, nem eu;
    nem ter aprendido, vencido
    ou chegado e, a partir desse eu
    ensinar, olhar, dirigir... Ser até fada.

    E, (continuo com Kris...)a descrição não é o que é descrito: não nos deixemos pois aprisonar nem pelas PALAVRAS, nem pelas imagens, nem pelos medos... Fiquemos sim com a coisa descrita.
    E, não esperamos nada: não sabemos o que vai acontecer(-nos): só sabemos se estamos ou não limpos, sensíveis para observarmos, nos apercebermos, vermos (a nós próprios...). P.e.: na própria percepção do perigo está a sua eliminação. E, no próprio questionar há inteligência.
    Como nos tornarmos bons, ilustres, belos, úteis? Observando com toda a atenção, sem distorção alguma (memórias, ideias, temores, prazeres,desejos, esperanças... podem distorcer
    completamente a atenção, a observação!) a nossa maldade, mediocridade, feiura, inutilidade.
    Mas, se a mente suja, má, feia e inútil se fixa na virtude, na pureza e na inocência, que são ordem, e na vida e no bem, até a vida adormece, embota e mata!
    Fixemo-nos pois no céu e na terra, na mãe e no pai, no paraíso!

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  7. Caro J, você nunca me empata. Tenho enorme prazer na sua amizade, e como sabe admiro os seus conhecimentos.
    Infelizmente para mim, não sinto a mesma necessidade da procura, que o amigo sente, nem tenho a mesma atracção pela perfeição. Mas sigo com toda a atenção as suas mensagens, e procuro entende-las, o que julgo conseguir razoavelmente.
    Claro que responder, é mais difícil.
    Disponha sempre.

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  8. COM KRISNAMURTI sempre

    Percepção é acção:
    como quando ouvimos
    uma bela, grande música
    e agimos de imediato...!
    Percepção e acção não existem
    separadas. E, ideal é falta de inteligência!
    Mas, percepcionar isto é acção da inteligência,
    e inteligência. Assim como observar a falta de sensibilidade
    é sensibilidade!

    Ó, arte de FAZER, de VER, de COMER,
    de OUVIR, de BEBER,
    de CHEIRAR, de TOCAR, de SER
    tocado... Mas, como VIVER,
    que SENSIBILIDADE,
    se pressionados,
    se amedrontados,
    se cheios de dores,
    de ambição, de deformação?

    Ó meditação! Ó desprendimento!
    Ó percepção do ÊXTASE sem perigo!
    Ó RESPOSTA imediata, instintiva,
    instantânea de todo o nosso SER
    presente, passado e futuro!

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