segunda-feira, 18 de abril de 2011

A CRISE PORTUGUESA


VALE A PENA ATENTAR NESTE OLHAR DE QUEM ESTÁ DE FORA.

Data: 10 de abril de 2011 22:54
Assunto: Jaques Amaury - "A crise Portuguesa",

Este conhecido sociólogo e filosofo francês, Jaques Amaury, professor na Universidade de Estrasburgo, publicou recentemente um estudo sobre “A crise Portuguesa”, onde elenca alguns caminhos, tendentes a solucionala.

“Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem – se sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da união.
Foi o país onde mais a CE investiu “per capita” e o que menos proveito retirou. Não se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu ou privatizou a esmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser um sustentáculo.

Os dinheiros foram encaminhados para auto estradas, estádios de futebol, constituição de centenas de instituições publico - privadas, fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores da administração publica, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes e população mais pobre.

A política lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas permaneçam, transformando – se num enorme peso bruto e parasitário. Assim, a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas, tornaram – se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.

Não existe partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS (Partido Socialista) que está no Governo e o PSD (Partido Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial abastado.

Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade.

À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio. Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) vilipendiado pela comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.

Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia pré – fabricada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação. Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de vários países.


Ora, é bem de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o “chefe” recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.


A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e Tv oficiais, está dominada por elementos dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais democratas, especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem lenta o mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.


Não há um único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, “non gratas” pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios.

7 comentários:

  1. Mas alguém conhece este "conhecido filósofo e sociólogo"?

    Na net, nem consta ...

    Nesta época vale tudo. Então se vier de "fora" passa a verdade inquestionável e sábia crítica !!

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  2. "Mas alguém conhece este "conhecido filósofo e sociólogo"?"

    Não se tem mais ou menos razão por se ser muito ou pouco conhecido. Se assim fosse, Leonel Messi e Cristiano Ronaldo, tinha sempre razão.
    Jaques Amaury tem a sua visão da Sociedade Portuguesa, e opina de acordo com essa visão.
    Nós podemos ou não estar de acordo com ele. Se bem que nesta altura do campeonato, os argumentos para discordar, são escassos.
    Pessoalmente acho que ele tem razão suficiente para constar no meu espaço.

    Obrigado pela visita.

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  3. Será que este texto é minimamente credível? Eu acho que não é. Mas tem sido repercutido em diversos blogs, como se se tratasse de documento de excelência - "a opinião do professor estrangeiro!!!". Que coisa provinciana!
    Eu pessoalmente, acho que o texto é impreciso, mal escrito, mal informado e por vezes calunioso. Acho efectivamente que é um texto que não foi escrito em França, nem por um professor, nem por um sociólogo e muito menos por um filósofo. Trata-se apenas de uma crítica vulgar, que poderíamos ouvir numa conversa de café ou autocarro em qualquer localidade do nosso país, Pior ainda, pretende iludir o leitor com uma falsa autoria académica. Mas enfim, cada um "come" do que gosta ...

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  4. A sua opinião é tão legitima como qualquer outra que discorde dela.
    Já é menos legitimo questionar os gostos "gastronómicos" dos outros.
    De qualquer forma, há quem diga que é da discussão que nasce a luz.

    Saúde.

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  5. Este Amaury muito provavelmente não existe ! É preciso evitar isto, porque induz em erro e desacredita muito do que se diz no texto e que me parece substancialmente correcto. Porém, a falsidade da fonte inquina tudo e só aumenta a desinformação, que já é demasiada.
    Antonio Manuel Hespanha

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  6. Caro Professor, devo confessar com toda a honestidade, que não fazia a mínima ideia de quem o Sr. é, mas seguindo o seu link e descobrindo a sua grandeza intelectual, não pude deixar de me sentir orgulhoso da sua presença neste humilde espaço.
    Não me passa pela cabeça questionar a sua razão, mas naturalmente mantenho a minha opinião; Não considero relevante se o tal Amaury existe com este, ou outro nome, mas que existe, existe.
    Se a opinião dele, tal como o Sr. reconhece, " parece substancialmente correcta", até pode ser um simples anónimo, que isso em meu entender, não lhe retira credibilidade.
    Talvez não seja Sociólogo, nem Filosofo, nem mesmo Francês, mas na altura de o citar, não foi essa a minha preocupação.
    Obrigado pela sua visita.

    Aníbal Lopes

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  7. O dito texto apócrifo, supostamente a tradução de um artigo escrito por um francês que não existe (nem em Estrasburgo nem em qualquer outro ponto do país e cujo nome “Jaques” nunca se escreveria assim mas “Jacques”) apesar dos erros de português reveladores do baixo nível educacional do seu autor, não deixa de dizer umas tantas verdades que os Portugueses não gostam de ouvir e menos ainda de assumir, e revela ainda um bom conhecimento da mentalidade porrtuguesa de que tudo o que vem dos estrangeiros é palavra douta. Esta tendência servil do povo português - que tanto agrada aos estrangeiros que a usam e abusam para nos ridicularizar - não é nada de novo, mas sim o resultado de um complexo de inferioridade que parece estar na base da educação que desde sempre acompanhou o povo português. Este assunto dava “pano para mangas”, mas é uma evidência da qual qualquer pessoa com um mínimo de sentido de observação já se apercebeu.
    O último “grito” desse servilismo está no aberrante Acordo Ortográfico, que vai transformar em dialecto uma das línguas literárias mais antigas da Europa – o Português.
    Dulce Rodrigues
    www.dulcerodrigues.info
    www.barry4kids.net

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