quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

SARAMAGO e eu


“ Porém, cada dia traz com sua pena sua esperança, ou será isto fraqueza do narrador, que de certo leu tais palavras ou as ouviu dizer e gostou delas, porque vindo com a pena a esperança, nem a pena se acaba nem a esperança é mais do que isso...”

José Saramago, in Levantados do Chão

Saramago não é o discurso mais fácil para mim. Não sou pessoa de fazer que percebo bem o que me deixa dúvidas, só porque ler Saramago dá assim uma espécie de aureola intelectual. Fazer de conta não é a minha praia. Mas como diz o povo, no melhor pano cai a nódoa, aqui visto ao contrario, tipo de repente fez-se luz. Este excerto de Saramago não me abriu novos horizontes mas trouxe-me algum alivio; Afinal, e salvo as devidas distâncias, não sou só eu que tenho momentos de fraqueza em relação à perda de esperança e falta de crer no futuro deste povo, mesmo levando em conta as distancias temporais. Também fiquei a saber que é aceitável (mesmo que seja uma fraqueza) que se use no que escrevemos, ideias, conceitos e palavras que lemos ou ouvimos a outros, e cuja identidade a nossa memória perdeu ou nunca conheceu.

Há ideias inspiradoras que se tornam património de todos, e que completam as nossas próprias ideias. Mas não podendo identificar os seus autores, como podemos usa-las sem parecer que estamos a fazer um uso indevido delas?. Devemos dizer que não são da nossa lavra, mesmo que o contexto onde estão inseridas seja nosso?

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