sábado, 10 de janeiro de 2015

CAMINHADAS COM BURROS

Decididamente hoje perdi a cabeça, Ao virar da ultima badalada das oito da matina, já eu punha os calcantes fora de casa, e a passo marcado e apressado dei inicio á saudável intenção de fazer uma caminhada matinal, mas daquelas de longo curso e que me fizesse perder algumas calorias, fruto da minha desleixada educação alimentar, mesmo sabendo que tudo o que é bom é ilegal, imoral ou engorda, como dizia uma canção espanhola dos meus tempos de Sevilha. Mas importante mesmo é desenferrujar as velhas dobradiças deste esqueleto obsoleto que já me dá mais chatices que as que eu gostaria.
Saio em direção à rotunda do colégio, e já fora dos terrenos da che Morense ensaio uns passos de corrida sob o olhar sorridente de algumas pessoas que a essa hora se encaminham para o cemitério para cuidar das campas dos seus ente queridos. Rapidamente desisto de tão louvável esforço, opção forçada por um súbito cansaço, aliás já previsível. Pessoa amiga acusa-me de “fracote”, ao que eu respondo que não se trata nada disso, mas apenas de a estratégia que eu escolhi na ocasião. Claro que não o convenci, mas pelo menos não dei parte de fraco.
Tomo a direção da rotunda sul, que bem poderia chamar-se de rotunda da unidade concelhia, já que na estrutura ali existente estão representadas todas as freguesias do concelho.
Aí chegado tomo a direção de Brotas. Um pouco mais à frente e do lado direito, deparo-me com um numeroso grupo de burros, mas burros mesmo. Aproximo-me e meto-me com eles. Corto uns ramos de acácia e ofereço-lhes como se de um manjar se tratasse. Eles olham-me longamente sem qualquer reação. Pelo seu olhar, acho que estou a fazer figura de parvo. Provavelmente ali o burro sou eu. Mas atiro-lhes com o ramo de acácia, eles são sete ou oito, mas nenhum se move. Desisto e sigo o meu caminho.
Várias pessoas conhecidas passam por mim no conforto dos seus carros Alguns apitam outros gritam “oh pá, isso é para correr. A passo lento não vás lá.” Pois não, mas não ligo às provocações, ponho um olhar de superioridade e escondo a vontade de voltar para trás. Mas assim que eles desaparecem no horizonte, volto mesmo para trás. Volto a aproximar-me dos burros, que talvez com medo que lhes oferecesse mais acácias, não esperam por mim e abandonam o local.
Continuo a fazer o caminho de regresso já com passo mais lento, e opto por passar pelo novinho em folha Bairro das Sesmarias, o Bairro mais jovem da cidade. Está bonito o bairro, e cada vez mais composto. Chegado ao Pavilhão Desportivo, viro à direita e tomo o trilho inicial. A ideia é terminar o meu passeio/caminhada, na zona de lazer da Che Morense. Ali chegado, tenho à minha disposição um verdadeiro ginásio ao ar livre. Faço alguns exercícios e dou por terminado a minha aventura matinal. Chego a casa cansado e com os pés gelados. Acho que vou acender a lareira, pese embora a manhã estar no seu inicio. O gato mete-se debaixo dos meus pés e mia desesperadamente, como se não comesse há quinze dias. Antes do lume vou tratar dele.
Para um verdadeiro aldeão como eu, para quem não há nada melhor que a terra, foi um bom inicio de manhã.

Bom dia Mora.


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