domingo, 2 de dezembro de 2012

RURALIDADE -- DEZEMBRO


Estamos em MONTARGIL e o ano de 1930 está quase a chegar ao fim. Continua a apanha da azeitona, e com a ajuda de vacas e de bois tenta-se acabar a sementeira. Embelga-se e semeia-se aproveitando bem o tempo--- já que é neste mês que existe o dia mais pequeno (em que acontecem os dias mais pequenos).Ou porque chove ou porque está frio, a azeitona está difícil de apanhar, tempo que aliás já se esperava, pois que andasse lá por onde andasse o mês de Natal (do frio) cá havia de chegar.

Antes da Missa do Galo, no Largo da Igreja começa a arder um
Enorme madeiro. Enquanto do campo (dos arredores da vila) vem muita gente, os homens trazendo archotes de gamão para alumiar o caminho.
As pessoas de mais idade vestem o fato domingueiro e de festa para ir à missa, em especial as mulheres que põem o xaile preto e o lenço na cabeça, com as de mais idade, já avós, usando capa preta que chega por vezes aos pés e ainda touca de veludo igualmente preta.

A ementa tradicional na quadra natalícia integrava um prato hoje ainda muito apetecido— miolos de porco. Dizia-se até, que quem nessa quadra não comesse miolos de porco não festejava o Natal. Isto, ao almoço, porque ao jantar havia chibo e/ou galinha corada.

Ainda quanto aos miolos de porco, essa ementa só era possível se a matança do porco tivesse sido feita duas ou três semanas antes. Que quase não havia “casa” que não engordasse o seu porquito para durante o ano ter na salgadeira carne que durasse. Enquanto outro engordava no “rodeio”



(LINO MENDES. Estenografo Montargilense, Jornalista e homem de cultura)

(imagem LittleShadow)


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