TERMO DE ABERTURA: Serve este Blog para nele depositar as minhas alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, glórias e frustrações. a que juntarei algumas opiniões, mas com fair-play, e sempre sem abdicar deste meu sentir de vermelha afeição. (Foto de José Caeiro)
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
SENTIR...
domingo, 30 de agosto de 2009
VOLTAR AO TEMA DA MANTA.
sábado, 29 de agosto de 2009
A CULPA FOI DO MARTIN MONIZ
Há quem tenha o talento de contar o tempo que lhe resta. Eu , com ou sem talento, prefiro contar o tempo que passou, principalmente o mais distante. Não porque o mais próximo me desagrade, ou eu seja do tipo de viver de recordações. Nada disso. Mas aquele tempo enchia-me a alma, e a sua lembrança ainda hoje me faz sorrir.
Se me derem um pouco de atenção, ficarei contente.
Poucos foram os rapazes do campo, na minha geração, que pelo menos uma vez não fugiram à Escola.
E digo do campo, porque os da Vila não tinham para onde fugir, sem que fossem vistos por alguém que logo os recambiava para a Escola.
Mas para quem fazia 5 Km para chegar à Escola, não faltavam esconderijos. Era uma atitude que raramente se tomava sozinho, mas não foi o meu caso. A minha fuga tornada aventura, foi uma atitude solitária.
Naquele dia, escolhi vaguear nos pinhais da Terra Preta, e merendar pão com solidão, sobre o chão coberto de caruma, onde hoje se situam os vinhedos do meu tio António.
Claro que à hora certa voltei para casa da minha Avó, como se nada tivesse acontecido de anormal, e ela não desconfiou de nada. Afinal, tinha sido fácil.
Mas mudei de opinião, quando vi a Florentina, que morava na Charruada, a subir pela encosta que dava acesso à casa dos meus Avós. Aquilo, era mau sinal.
A Florentina aproximou-se da minha Avó, com o recado da Professora: Porque é que o Aníbal não foi à Escola?.
Senti-me como um caracol apanhado em flagrante, a devorar uma alface que não lhe pertencia. Com a agravante de eu não ter carapaça para me esconder.
Nem com um par de lambadas abri o bico. Mas tinha agora outro problema: Enfrentar a Professora, e também a turma, que por certo se ia rir de mim.
Na manhã seguinte, ao chegar à Escola(F.Branca) as minhas pernas abanavam como cata vento batido por vento suão.
Ao contrario do suposto, a Professora não me disse nada, mas no primeiro intervalo, recebi ordens para ficar na sala. Claro que a Professora queria saber o que levava um bom aluno, sem problemas na matéria, a fugir à Escola.
Não resisti muito tempo, e acabei por confessar: A culpa fora do Martim Moniz.
Tudo começara 2 dias antes…
Os meninos da 4ª classe estavam a ter uma aula de história. A dada altura, a professora vira-se para o Victor e pergunta: “ Quem foi o soldado de D. Afonso Henriques que deu a sua vida, entrepondo-se entre as portas do Castelo de S. Jorge, e impediu que os Mouros a fechassem, permitindo a entrada do exercito de D.Afonso, e a conquista da Cidade de Lisboa”?.
Para mal dos meus pecados, o Victor não sabia a resposta. Então a Professora virou-se para mim, que era da 3ª classe, e fez-me a mesma pergunta.
Eu, armado em Chico esperto, e esquecendo que o Victor tinha mais três anos de idade e 30cm de altura que eu, respondi alegremente: Martim Moniz!!!!
Claro que foi a minha sentença de morte.
O Victor considerou humilhante receber lições dum puto da 3ª, e via-me como culpado. Assim que pôde, leu-me a sentença:”Amanhã vou-te esperar ao caminho. Vais ver como elas te mordem”.
Tive medo. Claro que tive medo, e decidi: Amanhã fujo à Escola.
A Professora foi compreensiva. Não ralhou e explicou-me que a minha atitude não se justificava, e que todos os problemas deveriam ser resolvidos com a Professora, pelo que eu deveria ter-lhe contado antes de fazer asneira.
O Victor tornou-se um amigo, do qual nada sei à décadas.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
A NOSSA METADE DA MANTA.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
UMA RECEITA MUUUUIIITO GOSTOSA...
terça-feira, 25 de agosto de 2009
MORTE NA ESTRADA
domingo, 23 de agosto de 2009
VIACLEMÊNCIA
A tempestade desconhecida
Da minha alma,
Parece querer destruir os seus próprios ventos.
Escolhendo as mais frágeis enseadas,
Entra derrubando acácias e aloendros
Pisando lírios e nenúfares.
Não lhe basta
Empurrar-me para fora da minha rota
Mas antes quer destruir a minha frágil embarcação.
Espero por cada relâmpago
Qual réstia de luz
Que penetrando no meu barco,
Me deixe vislumbrara salvação.
Mas apenas vejo iluminadas espadas e lanças
Espalhadas pelo chão.
Sem força
Incapaz de me libertar, dou como perdida a esperança
E entrego-me.
Docemente…
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
CARTAS DE AMOR
Recordações de toda a nossa vida, amores que ficaram lá a traz, são memórias guardadas naquela gaveta onde só nós é que mexemos.
Amores de outro tempo e dos quais não falamos, mas provavelmente adormecidos no nosso coração, e memórias ternurentas que povoam os nossos sonhos, estão por vezes guardados numa carta, de forma a não serem uma sombra para os amores que ficaram, mas que não temos coragem de deitar fora.
São constatações de factol, mas que sempre nos trazem alguns complexos de culpa.
A carta de amor, continua a manter todas as suas virtudes. A carta que serviu para a declaração de um amor tímido, que não teve coragem para uma declaração pessoal, serve hoje para dizer á pessoa que amamos, que continuamos a gostar dela.
Uma carta de amor, é um pedaço de sentimento e poesia, que só pode ser entendida pelos que têm a capacidade de viver apaixonados.
As novas gerações, têm outra forma de amar á distância. Mas não podem adormecer agarrados a uma sms, nem perfumar um e-mail. Não dá jeito beijar o telefone, e um trevo de quatro folhas, não pode ser enviado por telemóvel.
Viva o amor á moda antiga.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
UMA CARACOLADA.
Ao longo dos anos, vão-se acumulando na nossa memória, estórias que ainda hoje nos fazem sorrir.
Hoje vou falar do Ti Joaquim das Mantas, infelizmente já falecido. Foi um dos fundadores da CHE Morense, cooperativa de habitação, da qual eu também faço parte, onde sempre esteve presente.
Certo dia, estando o Ti Joaquim de serviço ao bar da sede social, resolveu fazer uma caracolada, petisco de que se gabava de ser um verdadeiro mestre.
Enquanto o resto do pessoal se entretinha numa de sueca ou doninó, o Ti Joaquim deambulava entre o balcão e a cozinha, numa total dedicação à famosa caracolada.
Não demorou muito a ficar pronto, o delicioso manjar. Encostado ao balcão, o Ti Joaquim provava os caracóis com expressão de verdadeiro prazer, enquanto exclamava:
-- Huuummm… está vaginal…
A turba levantou-se que nem uma mola, derrubando cadeiras, e caindo sobre o balcão:
--- Tambem quero provar…também quero provar…
Acho que o Ti Joaquim nunca chegou a perceber que não era bem aquilo que queria dizer.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
A AVENIDA DO "PEIXANÁRIO"
MORALINDA
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
TROFÁFÁFE...TROFÁFÃFE...TROFÁFÁFE...
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
A LABUTA DO RAMIRO (em Montargilês)
De enxada-gancha na mão, Ramiro lutava contra a grama e a junquilha que teimavam em ocupar o lugar das couves e dos nabos. No café do Pailó ou na tasca do Cardeirinha, a impinar umas mines, tava-se muito melhor, mas ele sabe que a horta é a sua salvação. Homem de pouco ganho e vida dura, há muito que pôs de parte a ciguera das tascas, onde sempre a torgia do vinho reles o obrigava a lançar fora o que o organismo rejeitava, juntamente com os sonhos que povoavam a sua cabeça, toldada pelos vapores do álcool.
As suas fezes agora távam viradas para os catraios, a quem tinha de dar comer.
Depois do trabalho pró patrão, era a horta que lhe levava o tempo. Um bocado de pão e queijo no talego, e ala prá horta. Era de lá que saía o feijão com couve e as sopas de carne, tão importantes para a família.
Costumava dizer que mal tinha tempo de “dar à calça”, pois até tinha de tár à coca dos estorninhos que se achavam donos dos figos, de que os seus catraios tanto gostavam.
Terminada a faina agrícola, ainda tinha de passar pela cumeada da guarita, a apanhar una tanganhos pró lume, que a sua Maria lhe pedira.
Esta é a permanente derriça do Ramiro, que não tem medo das nalgadas da vida, certo de que esta é a sua obrigação.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
CUSCAS...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
NOITE ESCURA
VIAGENS NA MINHA (OUTRA) TERRA
Brotas, terra de romaria
Onde o barro ganha vida,
História escrita em olaria
E a arte é ponto de partida.
Cabeção, terra de tradições
Onde o vinho se faz néctar,
E enche de vida os corações
De um Povo de carácter.
Pavia, terra de história viva
Onde o grande pintor nasceu,
E também é bom que se diga
Que também Namora aqui viveu.
Mora, terra de progresso
Onde o futuro ganha lugar,
Uma história de sucesso
Que se constrói a trabalhar.
Em Mora semeei povo
Em Pavia vivi Museu
Viva pois o que é novo
Mas o passado também sou eu.
Em Brotas rezei a Deus
Em Cabeção bebi bom vinho
Aquele que gosta dos seus
Nunca estará sozinho.
Nas Águias fui ao passado
Em Malarranha comprei queijos
Parei por estar cansado
E comi pão com desejos.
Fui banhar-me ao Paço
Tirei fotos de cima da ponte
Para recuperar do cansaço
Bebi agua fresca na fonte.
Colhi boletas no Gameiro
E orégãos na Malarranha
Ao sentir aquele cheiro
Sofri de saudade tamanha.
MORAR EM MORA E GOSTAR DE CÁ MORAR
Eu gosto das margens do Raia
E antes que a tarde caia
Vejo Mora no monte
Esta terra de encantos
E de amenos recantos
É terra de contos, e de quem os conte
Lugar de amigos certos
E de largos horizontes abertos
É uma terra de força e querer
Quem mora em Mora, mais que morar
Vive onde sente que tem lugar
E tem vontade de cá viver
CAMINHOS VELHOS
Se a saúde e o amor, são dádivas preciosas, a memória dos tempos e dos lugares felizes da infância/adolescência, principalmente quando se está fora da terra que nos viu nascer,, pode funcionar como reserva balsâmica, onde de tempos a tempos vamos buscar ânimo para enfrentar o fim das dádivas da juventude, nem sempre fáceis de aceitar.
Foi o que fiz recentemente. Fui à procura das veredas, trilhos e carreiros, que atravessavam vales e montes, e que eu, acompanhado de outros amigos ou sozinho, tantas vezes usei, para me juntar aos guerreiros dos outros montes, e formar verdadeiros exércitos de , como diz o Poeta, Índios e Capitães, terror da passarada a quem roubavamos os ninhos, e motivo de preocupação para os hortelões, quando passávamos perto dos valados que protegiam as suas laranjas, maçãs ou uvas. Enfim! Fui à procura dos caminhos velhos.
Quando decidi fazer esta viagem aos caminhos da minha meninice, acreditei que fechando os olhos, podia viajar no tempo e voltar atrás muitos anos. Era esse regresso ao passado, que eu ia procurar.
Sem ordem previamente estabelecida, fui ao Carvalhoso, Gavião, Feijôa, Charruada, Val da Areia, Abertas, Terra Preta, Farinha Branca, Val Torrado e a alguns outros recônditos lugares.
Claro que em nenhum desses lugares ouvi as cigarras nem os grilos que, sabe-se lá porquê, eu estava à espera, mesmo fora da época.
A paisagem quase solitária de antigamente, os caminhos que eu usava para ir aos pinhões, mortilios, camarinhas ou medronhos, foram engolidos por arame farpado, ou salpicados de vivendas ajardinadas, algumas rodeadas de artísticos cercados, como se o dono não quisesse ninguém por perto.
Noutros lados, o alcatrão tomou conta dos caminhos velhos, e tapou o mato e as pedras da minha memória, contrastando com o tojal e os silvados que noutros locais tomaram conta definitiva dos lugares onde outrora íamos ao musgo para o presépio da escola, ou ao rabisco da cortiça, que vendíamos do Ti Aníbal “Galego”.
Não houve o regresso ao passado que eu esperava, e as minhas lembranças não passam disso mesmo: Lembranças. Lembranças cujo rasto praticamente desapareceu.
Senti-me numa espécie de transe, meio aflito meio desiludido, com um sentimento de perda difícil de explicar.
O presente está a tornar-se passado demasiado depressa, e o passado perdeu importância.
Aos que se lembram dos caminhos velhos, resta-lhes recordar. E sonhar…
Se me permites, caro Aníbal, ainda volto ao tema da manta. Vivemos em tempos de mudança acelerada, não só no conhecimento humano, mas também na nossa sociedade. A passagem de uma sociedade fechada para uma sociedade aberta e veloz, direi feroz, marca a mudança para as novas tendências, mais individualistas e descaracterizando o ser humano como ser gregário. É nesta sociedade competitiva e selectiva que o Estado deve entrar e zelar pelos mais fracos. Neste patamar estão sem dúvida os idosos, que em fim de vida, debilitados fisicamente, psicologicamente e a grande maioria, economicamente, necessitam do nosso carinho e da estabilidade que o seu lar proporciona. As actuais políticas sociais apontam para isso, manter o idoso no seu lar até ser possível. Mas, nestas coisas há sempre um mas, um filho ou uma filha que queira tratar dos seus pais e seja do regime geral a lei não lhe dá possibilidades para o fazer, apenas os trabalhadores do Estado podem faltar 15 dias. É assim, se por um lado, a ansiedade do status nos transforma, por outro, a ansiedade economicista nos impossibilita. Que sociedade mais díspar!