Costuma dizer-se que quem não sabe de onde vem, nunca
saberá para onde vai. Deve ser por isso que hoje me volto para o passado, mas
um passado tornado presente.
Sem luzes natalícias nem ornamentações brilhantes, antes
rodeada de máquinas em manobras e montões de terra de sobejo, a obra de
recuperação da antiga estação da CP, mostra já uma face com evidentes sinais de
nova vida, cada vez com menos cicatrizes nas paredes em renovação. Madeiras e
telhados em avançado estado de prontidão, são já amostra do que será este
pedaço de história viva recuperada, e montra do que no seu tempo foi um pedaço
de modernidade. É essa memória que está de volta.
Cada vez são menos, mas por certo ainda muitos, os que se
lembram da estação com vida própria, carruagens espalhadas pelas linhas que por
ali se estendiam ao lado umas das outras, e até por certo, das viagens a Évora
e das celebres paragens em Pavia, onde o cobrador, ele próprio, desmontava para
fechar a passagem de nível, e que depois voltava a abrir após a passagem do
comboio. Conta-se até, que certo dia numa dessas manobras o maquinista se
esqueceu do cobrador, que simplesmente ficou em terra. Oxalá a história seja
verdadeira, pois a história quer-se autentica.
Em breve a Estação recuperará o seu estatuto de “pessoa”
importante, sem viajantes ao som do trofáfáfe, trofáfáfe, trofáfáfe, mas com
viagem marcada para outros conhecimentos.
Ali mesmo ao lado, outras formas de viver o passado, vão
ganhando vida através de uma estrutura que eu e outros esperamos para ver como
vai ser tratado o nosso passado ancestral, visto à luz da modernidade e das
suas tecnologias. Coisa estranha, isto de ir ao passado através dos olhos da
modernidade.
Seja como for, acredito que esta terra e esta gente, pelo
menos no que concerne ao que de si depende, vai tentando não perder o comboio
(e este é metafórico) do futuro, pese embora todas as dificuldades que lhes
surgem pela frente, num país onde quem manda. manda distribui o mal pelas
aldeias, mas guarda o remédio para as conveniências da sua tribo.
“O mundo é uma bola de algodão que está na nossa mão
fazer voar”
Feliz ano novo Mora.
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