quinta-feira, 4 de julho de 2013

ENQUANTO ISSO, CÁ...

A Turquia tem vindo estampada nos jornais, na televisão, já com a dimensão de manipulação que conhecemos ao domínio do capital sobre a informação.

Enquanto isso, por cá, a brutalidade policial cresce, com uma anulação total das circunstâncias, das vítimas, dos agentes e miúdos são mortos à facada ou ao tiro, completamente desarmados.

Já sabemos que "as zonas difíceis", ou pobres, são sempre a escumalha da terra e não merecem mais do que buracos de bala nas paredes para se lembrarem todos os dias que são cidadãos de segunda, ou terceira e que a estes não são se lhes aplica a lei. Uma espécie de terra de ninguém onde vale sempre a lei do mais forte, mesmo que nada tenha acontecido.


Mas as coisas vão sucedendo com pequenos empurrões que vão passando despercebidos. Enquanto o Governo faz passar uma lei que proíbe a utilização de petardos, very-lights e outros "artefactos" nas manifestações, o número de carrinhas da polícia de intervenção aumenta a cada acção reivindicativa. Já nem o taser ou o gás pimenta ficam guardados, os bastões, as algemas de plástico, os cães ou as protecções que servem elas próprias simultâneamente como escudos e armas.

E não falo das manifestações em que muitos aplaudirão a não utilização de um qualquer petardo ou pedra da calçada. Falo das manifestações de trabalhadores não docentes (onde a determinada altura era maior o aparato policial do que a manifestação), falo do desaparecimento de manifestantes e detenção ilegal com proibição de contacto com advogado, falo das manifestações em frente a hospitais, ctt's, serviços de finanças. Falo do retirar paulatino das armas ao povo - a lei que os protege contra os abusos, as tentativas sucessivas de revogação da Constituição, a destruição dos serviços públicos, a destruição do emprego, a destruição da segurança social, a destruição dos salários e do valor do trabalho - que os coloca em posição de vulnerabilidade face a um estado e um capital opressores que depois de serem os primeiros a cometerem os mais graves crimes contra os seres humanos e se darem mesmo ao luxo de desobedecer a leis e decisões judiciais, querem tirar o povo da rua... à força.

Enquanto isso, a todos nós cabe-nos resistir. E o ultimo passo foi a greve geral. Dos muitos que ainda estão por vir.

Lúcia Gomes, in KontraKorrente

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