terça-feira, 10 de julho de 2012

O SUICÍDIO



O suicídio é um drama que preocupa muita gente. Filósofos, sociólogos, psicólogos, psiquiatras e outros pensadores e homens da ciência, procuram encontrar uma razão que leve a justificar o ato de uma pessoa acabar com a própria vida.
Basta fazer uma pequena busca para encontrar todo o tipo de opiniões vindas de gente ilustre, desde os primórdios até à atualidade.
Albert Camus, pensador e filósofo Francês, (1913- 1960) escreveu: “O suicídio é a grande questão filosófica do nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida, é responder a uma pergunta fundamental da filosofia.”

Voltaire, escritor Francês, crítico da Igreja Católica, (1694-1779) achava que os suicidas eram uns “ociosos ou gente que não tinha nada para fazer.”
Pessoalmente acho a opinião de Voltaire bastante descuidada e leviana. Ou então terá feito estas afirmações num contexto que não chegou ao nosso tempo.

Heidegger, pensador Alemão do século XX, afirma que o suicídio não é uma morte humana, já que tira o sentido da morte, e destrói a possibilidade da morte humana.
Parece-me que para Heidegger, e sendo a morte a finalidade da vida, só a morte natural completa o ciclo da vida. Acho que faz sentido.

Muito mais lá para trás, Hegésias, historiador Grego, (Sec. III AC) afirma que “se a felicidade do homem consiste na soma dos seus prazeres, e se estes forem inferiores à soma dos males que a vida lhes oferece, como não justificar o suicídio?”
Ora aí está uma visão pragmática, onde a questão está entre o deve e o haver.

Muito mais objetivo parece ser Ramon Gomez de la Serna, escritor vanguardista e filósofo Espanhol. (1888- 1963) Ele acha que “os homens que matam as mulheres e depois se suicidam, deveriam mudar de sistema, suicidando-se antes e matando-as depois”.
Assino por baixo com todas as letras.

Numa coisa a maioria parece estar de acordo: O suicídio revela desespero, depressão e desinteresse em continuar a viver.
Mas outras questões se levantam: O suicídio é um ato de coragem ou uma cobardia? Se alguém se suicida por não suportar a dor, o suicídio pode ser encarado como uma fuga, e não precisará de muita coragem. Mas como classificar o suicídio, onde ele é objetivamente um sacrifício em nome do que se acredita ser um bem maior? Como classificar o suicídio dos Kamikaze? E dos bombistas suicidas? Será pura alienação, ou serão idealistas conscientes? E os suicídios coletivos, que chegam a envolver centenas de pessoas? Não será também pertinente perguntar se Jesus Cristo foi um suicida?.
A própria Bíblia, não afirma que a vida no céu é muito melhor que na terra? Não terá o livro sagrado também a sua participação no suicídio ?.

Recentemente, o Sociólogo Português Manuel Villaverde Cabral, afirmou que o suicídio no Alentejo se deve à solidão e à falta da fé Católica. Significa isso que os ateus são mais propensos ao suicídio? E porquê fé Católica? A fé dos outros não presta?. Ao menos poderia referir a fé Cristã, sempre era mais abrangente.
O que o Sr. Dr. não falou, foi no sofrimento provocado pela fome, pela doença sem medicamentos, pela exclusão social e pela vergonha de uma pobreza da qual não têm culpa.

O que provavelmente ainda ninguém pensou, é que talvez o suicídio não seja a busca da morte, mas tão somente do fim do sofrimento.

Aníbal Lopes

(Imagem Ubeblogs)



Sem comentários:

Enviar um comentário