segunda-feira, 12 de maio de 2014

FÁBULA DA RATOLÂNDIA


Esta é uma história de um país chamado RATOLÂNDIA. A Ratolândia era um lugar onde todos os ratinhos viviam e brincavam, onde viviam e morriam, e eles viviam da mesma maneira que nós. Também tinham um Parlamento e de quatro em quatro anos tinham eleições. Caminhavam rumo ás urnas, e votavam. Alguns até apanhavam uma boleia para votar. Na verdade era uma aventura que tinham a cada quatro anos. Tal como tu e eu. E a cada dia de eleições todos os ratinhos se habituaram a ir ás urnas e a eleger um governo: Um governo formado por enormes e gordos gatos pretos. Mas agora se pensas que é estranho que os ratos elegem um governo de gatos, vê só o que nós, Portugueses temos feito nos últimos quarenta anos, e então verás que talvez eles não sejam mais estúpidos que nós, e eu não estou a dizer nada contra os gatos. Eles até são bons rapazes. Eles conduzem o governo com dignidade. Aprovam boas leis. Leis que são boas para os gatos. Mas essas leis que eram boas para os gatos, não eram boas para os ratos. Uma das leis dizia que a porta das casas dos ratos, tinham que ter um tamanho suficiente para que lá cabesse a pata de um gato, e outra dizia que os ratos só poderiam, caminhar a uma certa velocidade, para que um gato conseguisse o pequeno-almoço sem muito esforço físico. Todas as leis eram boas leis…para os gatos, mas muito duras para os ratinhos.
E a vida dos ratos era cada vez mais difícil.
E quando os ratos já não aguentavam mais, decidiram que alguma coisa tinha que ser feita. Então foram em massa ás urnas e votaram contra os gatos pretos. Elegeram os gatos brancos.
Os gatos brancos tinham feito uma campanha genial Disseram que a Ratolândia precisava era de “mais visão”. Tinham dito que “o problema da Ratolândia são as entradas redondas das casas doa ratos”.” Se vocês nos elegerem faremos as entradas quadradas”. E assim fizeram. As entradas quadradas ficaram com o dobro do tamanho das redondas, e agora os gatos poderiam por lá as duas patas. E a vida era mais dura que nunca. E quando não podiam suportar mais , votaram contra os gatos brancos e colocaram lá de novo os gatos pretos, para logo regressarem aos gatos brancos, e depois outra vez os pretos. Até tentaram metade de gatos pretos e metade de gatos brancos. Chamaram-lhe umas vezes “Bloco Central” outras vezes “Aliança Portugal” e Inclusive até tentaram um governo com gatos malhados. Eram gatos que tentavam falar como ratos, mas comiam como gatos.
Como podem ver, meus amigos, o problema não estava na cor dos gatos. O problema estava no facto de serem gatos. E como gatos naturalmente que eles defendiam os interesses dos gatos e não dos ratos.
Finalmente chegou de longe, um pequeno ratinho que tinha uma ideia.
Meus amigos, peço agora que estejam atentos ao humilde companheiro com uma ideia:
Ele disse a todos os ratos: “Porque continuamos a eleger um governo de gatos? Porque não elegemos um governo de ratos?
Ohh!!! ,disseram “És um comunista!! COMUNISTA !! Chamem os gatos, chamem os gatos!!”
E assim o meteram na prisão. Porem quero recorda-los que podem encarcerar um rato ou um homem. Mas não podem encarcerar uma ideia.

Tommy C. Douglas – 1904-1986

PS: Este texto tem algumas adaptações, da minha responsabilidade.
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É tempo de acabar com os que metem as patas pela nossa porta. É tempo de acabar com os que roubam a nossa felicidade. Que sentido faz que mantenhamos no poder, quem nos rouba o sonho?
A ideia do ratinho que veio de longe, é hoje tão actual como sempre. Será que somos nós próprios a encarcerar essa ideia? Não haverá mais nenhum 25 de Abril. Revolução que precisa ser feita, tem de ser feita por nós, e não será feita com armas nem com cravos; A única arma que precisamos é de uma caneta e uma cruz no sitio certo. É tempo de deixar de votar nos “gatos” tenham eles a cor que tiverem. É tempo de votar em nós. É tempo de votar no nosso trabalho, no nosso salário, na nossa educação, e na dos nossos filhos e netos, na nossa saúde, e na dos nossos filhos e netos, na nossa habitação e na nossa felicidade. Não podemos continuar a votar nas privatizações dos gatos, nas clínicas dos gatos, nos palácios dos gatos, na banca dos gatos, nos spa’s, casinos e offshores dos gatos. Os gatos cada vez que falam em crise, empanturram-se de lagostas. É tempo do povo tomar nas suas mãos, o seu próprio destino.
É tempo de votar em nós.


(Imagem: Mário Linz)