terça-feira, 30 de novembro de 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

AS FASES DA LUA


Dizem que a lua é mentirosa

Mas a mim nunca enganou.

A sua luz é tão gostosa

E só não sabe quem nunca amou

.

Eu gosto da lua nova

E do brilho que ela deita.

Quando morrer levo prá cova

A lembrança da luz perfeita

.

Mas é o belo quarto crescente

Que a cada dia fica maior,

Que não me deixa indiferente

À magia de um grande amor

.

É no entanto o quarto minguante

Que mais me puxa ao sentimento.

Torna o meu desejo constante

Querendo-te a todo o momento

.

Mas a lua cheia, meus amigos,

É aquela de quem nunca me farto.

Esqueço todos os perigos

E abro a porta do teu quarto.

domingo, 28 de novembro de 2010

A RAÇA DO ALENTEJANO

Como é um alentejano?
É, assim, a modos que atravessado.
Nem é bem branco, nem preto, nem castanho, nem amarelo, nem vermelho....
E também não é bem judeu, nem bem cigano.
Como é que hei-de explicar?
É uma mistura disto tudo com uma pinga de azeite e uma côdea de pão.

Dos amarelos
, herdámos a filosofia oriental, a paciência de chinês e aquela paz interior do tipo "não há nada que me chateie";
dos pretos
, o gosto pela savana, por não fazer nada e pelos prazeres da vida;
dos judeus
, o humor cáustico e refinado e as anedotas curtas e autobiográficas; dos árabes, a pele curtida pelo sol do deserto e esse jeito especial de nos escarrancharmos nos camelos; dos ciganos, a esperteza de enganar os outros, convencendo-os de que são eles que nos estão a enganar a nós; dos brancos, o olhar intelectual de carneiro mal morto; e dos vermelhos, essa grande maluqueira de sermos todos iguais.

O alentejano, como se vê, mais do que uma raça pura, é uma raça apurada.

Ou melhor, uma caldeirada feita com os melhores ingredientes de cada uma das raças.
Não é fácil fazer um alentejano.
Por isso, há tão poucos.

É certo que os judeus são o povo eleito de Deus.
Mas os alentejanos têm uma enorme vantagem sobre os judeus: nunca foram eleitos por ninguém, o que é o melhor certificado da sua qualidade.

Conhecem, por acaso, alguém que preste que já tenha sido eleito para alguma coisa?
Até o próprio Milton Friedman reconhece isso quando afirma que
«as qualidades necessárias para ser eleito são quase sempre o contrário das que se exigem para bem governar».

E já imaginaram o que seria o mundo governado por um alentejano?


ERA UM DESCANSO...

(Recebido Por e-mail)

Nota do Administrador: O Povo Alentejano sempre teve a capacidade se rir de si próprio, o que faz dele um Povo superior. Ninguém como nós pode assumir todas as cores, porque gostamos de todas elas. Por isso podemos brincar com elas como com nós proprios.




quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TESTEMUNHO

Magnifica fotografia de José Caeiro. Continuo a pensar que é no preto e branco que o fotografo melhor revela os seus sentimentos e a sua alma de artista.
É a segunda vez que trago à estampa este "testemunho", titulo bem escolhido pelo próprio fotógrafo. O que já foi uma passagem superior por onde passava tanta gente e tanta coisa, por cima e por baixo, é hoje algo inerte e deslocado na paisagem, que muita estranheza deve provocar a quem passa e nada sabe desta terra.
Para mim, e seguramente para outros, é um marco nostálgico, de saudade de outros tempos, e cujo testemunho, o tempo acabará por apagar.

PARA MEDITAR


Quantas vezes nos queixamos da vida? Quantas vezes achamos que a sorte nos abandonou?
É bom receber algumas lições de vida, para percebermos o quão injustos por vezes somos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

QUEIMADOS AO SOL



"Sem compreender a cor, com que pintam a noticia, quando o pobre diz não..."

Violeta Parra, cantora Chilena comprometida com a luta dos oprimidos e explorados do Chile, tem sempre lugar na nossa memória.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A JANGADA


Esta é uma história que não sendo exacta, é baseada em factos reais.

Decorria o ano de 1970. O Corpo Nacional de Escutas organizou um Acampamento Regional na Barragem de Montargil.

O Agrupamento de Montargil, sempre teve Patrulhas muito boas, muito bem preparadas a todos os níveis competitivos, se bem que em termos disciplinares não fossem um primor.

Naquela altura, um Acampamento daquele nível era muito competitivo, e tudo contava para o resultado final; desde a organização do campo de cada Patrulha, onde a imaginação era fundamental, a forma como nos apresentávamos, a higiene pessoal, as intervenções nos fogos de conselho, a relação com a natureza, o seguir de pistas e tantas outras provas de diversos níveis de dificuldade.

A minha Patrulha era a Patrulha LOBO, e tinha como divisa “Prudentes e Audazes”. É justo que se diga que o que nos sobrava em audácia, faltava-nos em prudência.

O Agrupamento de Montargil tinha ainda outra Patrulha, a POMBO, que tinha como divisa “Corajosos e Leais”. Muito mais do que nós, fizeram jus à sua divisa, mas já lá vamos…

Lembro-me que a minha Patrulha deu nas vistas ao fazer do nosso Pórtico de Entrada, a Torre de Belém. De facto aquilo saiu mesmo bem, e valeu-nos muitos pontos.

Pois a patrulha LOBO ia de vento em popa, tendo como principal adversária, uma Patrulha de Évora. Estas duas Patrulhas desde o inicio que se mantinha muito próximas entre si, e começava a ser evidente que uma delas iria conseguir o maior numero de pontos.

Certa tarde, os Chefes propuseram a prova que ia decidir tudo: A travessia da Barragem em jangadas, que seriam feitas pelos concorrentes. Apenas os que sabiam nadar podiam concorrer, o que não era problema para nós; Afinal a Barragem era nossa, e foi ela que nos ensinou a nadar.

A Prova tinha inicio na margem direita, frente ao Monte Mendericos, e terminava na outra margem, junto ao Acampamento, onde havia um pódio com vários números, onde cada Patrulha colocaria a sua bandeira, por ordem de chegada.

Devo dizer que a partida foi uma confusão total, com as jangadas engalfinhadas umas nas outras e com um monte de gente a dar ordens que ninguém ouvia. No meio daquele salve-se quem puder, houve jangadas que começaram logo a perder peças. Os mais habilidosos ou mais sortudos, lá saíram da confusão, rumo à meta.

Mais ou menos ao meio da prova, estava feita a selecção dos melhores, já que duas jangadas já iam destacadas. Exactamente os LOBOS e tal Patrulha de Évora que não nos largava os calcanhares. O pior é que neste caso quem ia nos calcanhares, éramos nós, e a meta estava cada vez mais próxima.

A Patrulha da frente manobrava tão bem, que não permitia a ultrapassagem. Entre gritos e ameaças, tudo usamos, mas eles imperturbáveis ignoravam-nos, e a nossa derrota parecia inevitável.

Com a margem ali mesmo à mão, foi quando o nosso timoneiro, o único que ia de pé, resolveu mais uma vez esquecer a prudência e usar a audácia: Pega na bandeira, salta para cima da jangada adversária, daí para a margem e PIMBA!!! Bandeira no numero 1.

Entre palmas gritos e protestos, não tardou muito para o nosso destino ficar marcado: Desclassificados. De nada valeu a nossa revolta, e até algumas lágrimas.

Mas a história não acabou aí; Quis o destino que nesse dia fosse a nossa Patrulha a estar de serviço à cozinha…

A cozinha era supervisionada pelos Chefes Regionais, tendo como ajudantes uma das Patrulhas acampadas.

A Patrulha de Évora, com a vitória garantida, passou várias vezes pela cozinha, numa atitude clara de provocação. Os desejos de vingança começaram a germinar, e rapidamente começaram a tomar forma.

Mais uma vez abusando da audácia e esquecendo a prudência, tomou-se a decisão e passou-se à acção.

Bastou uma pequena distracção do cozinheiro, e lá foi uma garrafa inteira de vinagre para dentro da enorme panela, acompanhada de todo o sal que por ali havia.

Escusado será dizer que foi o fim da picada. Não demorou mais de dois minutos a cheirar a vinagre por todo o lado, e a nossa “obra” foi de imediato descoberta.

Não houve desclassificação, mas expulsão pura e simples.

Foi ai que os POMBOS, fazendo jus á sua divisa de “corajosos e leais”, se solidarizaram com os LOBOS, e abandonaram connosco o acampamento.

Acho que foi ai que começou o fim do Escutismo em Montargil.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

COM TOSTÕES, SE FAZEM MILHÕES


Já Vale e Azevedo dizia que um tostão era um tostão. Nunca me passou pela cabeça duvidar disso, mas ao que se diz, eram milhões que ele desviava.
Mas para o BES, um cêntimo é um cêntimo, e há que recupera-lo, nem que isso custe um euro. Importante é dizer claramente que com eles não se brinca:

" Estimado cliente, como é do seu conhecimento a prestação abaixo indicada, encontra-se vencida e por pagar:
Prestação nº X Data do vencimento x/xx/xxxx Valor em divida 0,01€
"

Se considerar-mos o valor de uma folha A4 + envelope + trabalho de feitura e envio + portes + mais distribuição pelo carteiro + tempo perdido para ir ao banco pagar + trabalho do funcionário para receber, pode parecer que este cêntimo saíu caro, mas para eles é muito mais importante mostrar a sua força, e deixar a ameaça no ar.

Aproxima-se a cimeira da nato: UUOOOUH

domingo, 14 de novembro de 2010

NUNO GOMES, SEMPRE



Sempre fui grande admirador do Nuno, e continuo a pensar que depois de Cardoso, continua a ser o nosso melhor avançado.
Os desígnios dos cientistas da bola, normalmente conhecidos por treinadores, não se compadecem com os "amores" dos adeptos, mas se há jogadores que deviam jogar sempre, Nuno Gomes é um deles.Porque dão classe ao jogo, porque a sua finura de trato da bola, fazem lembrar o pincel que desliza suavemente sobre a tela, e a cada traço vai fabricando a obra.
Mas o Nuno não é só artista dentro do campo. É também um aglutinador de objectivos, e factor de união dentro do balneário. Poucos como ele estão em condições de passar aos mais novos, a mística do maior clube deste País.
O golo de hoje, foi prémio Divino, não só para ele, como para todos os que como eu, gostam do Nuno.

"ANÓNIMUS"


Vinda de Delfins caídos em desgraça,
vem falsa e miserável prosa.
Exibem perfumados, o cheiro da rosa
fazendo piada e usando chalaça.
Intelectuais escribas de meia tigela
e desonestidade intelectual evidente.
Discurso ensaiado mas deprimente
fazendo mais ruído que vouvuzela.
Contributo malcriado e vesgo
que temendo perder o resgo,
se tornam mestres do achincalhar.
No meio desta estrada impune
são uma casta que se reúne
e que parece estar para durar.

sábado, 13 de novembro de 2010

Democracia contra regime “austeritário”, texto de Sandra Monteiro, na edição de Novembro do Le Monde Diplomatique em português




Democracia contra regime «austeritário»
por Sandra Monteiro


A 24 de Novembro, a greve geral convocada em Portugal pelas duas centrais sindicais, a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a primeira desde 1988, vai juntar-se às amplas movimentações sociais de contestação às medidas de austeridade orçamental que os governos da União Europeia têm vindo a adoptar. Essas medidas têm em comum o facto de deixarem incólume um sector financeiro que, apesar de ser responsável pela crise, está a ser consentidamente deixado à solta pelos poderes públicos para regressar, como já regressou, à realização de lucros tão astronómicos quanto imorais. E têm também a uni-las a escolha que os governos europeus fizeram de penalizar, pelo contrário, aqueles que apenas vivem do seu trabalho ou aqueles que subsistem através de prestações sociais para as quais descontaram antes da reforma ou do desemprego, bem como os que sobrevivem com subsídios a que se vêem obrigados a recorrer ao serem atingidos pela pobreza. Uma escolha a todos os títulos desastrosa, porque regressiva em termos societais e recessiva em termos económicos.

Na verdade, os governos europeus, independentemente da sua cor política, parecem sentir-se mais mandatados para defender os direitos inalienáveis dos mercados do que os dos cidadãos. Com os primeiros têm compromissos sérios, que não podem deixar de honrar; com os segundos têm combinações frouxas, que podem substituir pela imposição de duríssimos sacrifícios. Só assim se explica que tais governos se tenham posto em sintonia para congelar e cortar salários, pensões e a generalidade das prestações sociais; para utilizar a pressão de um desemprego duradouramente acima dos 10% de modo a nivelar por baixo os direitos laborais; e para promover um aumento das desigualdades socioeconómicas e uma degradação dos serviços públicos, ameaçando fazer colapsar o Estado social.

O regime democrático, de que o Estado social é um dos pilares fundamentais, encontra-se sempre ameaçado quando as políticas salariais, fiscais e de acesso aos serviços públicos fundamentais não são suficientemente universais nem redistributivas para reduzirem o fosso das desigualdades socioeconómicas. Era já o que acontecia antes da crise em países como Portugal, um dos mais desiguais da Europa. Mas esta resposta à crise veio juntar-lhe um outro fosso, que põe em perigo as bases políticas de qualquer democracia, que é o fosso entre as políticas implantadas e os programas políticos com que os governos foram eleitos. Também neste aspecto, o caso português é um exemplo flagrante dessa dissociação, a qual encerra um forte potencial corrosivo das próprias bases em que assenta a representação democrática, como expressão da vontade dos cidadãos. O preço a pagar por agentes financeiros felizes e capazes de enriquecer pelo controlo do acesso ao crédito (e das condições em que esse acesso se faz) poderá bem vir a ser, não apenas economias submersas em recessões prolongadas e sociedades mais desiguais e com menores níveis de bem-estar, mas também democracias tão irreconhecíveis que se tornam irrelevantes, senão mesmo dispensáveis.

O novo regime que está a ser imposto como inevitável na União Europeia, e que bem se pode chamar regime «austeritário», representa uma séria ameaça para o contrato político, económico e social em que se fundamenta a democracia. A firme recusa dessa ordem insustentável que os movimentos sindicais e sociais estão a mostrar aos governos da União Europeia, de Atenas a Paris, de Madrid a Bucareste (ver o dossiê dedicado ao tema nesta edição de Novembro), vai em Novembro passar por Portugal. O povo europeu em construção, fazendo lembrar o operário em construção do belo poema de Vinicius de Moraes, faz, com a sua recusa da austeridade, uma clara aposta na democracia − uma democracia substantiva e não para especulador ver.

Do êxito do movimento social vai depender em grande medida a possibilidade de se inverter o rumo das desastrosas políticas de austeridade. Mas este movimento coloca desde já na agenda política e social, além dos conteúdos concretos que defende, algumas questões que não estavam propriamente nos planos dos que gostariam de convencer os cidadãos a aceitar, sem resistência e sem esperança, estes e os próximos pacotes de austeridade. Entre essas questões encontra-se certamente a do aprofundamento de caminhos de solidariedade, seja ela entre gerações (dos estudantes aos reformados), entre trabalhadores em diferentes situações (assalariados, precários, desempregados) ou entre trabalhadores de diferentes regiões e países (veja-se o caso dos trabalhadores belgas da Total, que em Outubro bloquearam os depósitos de combustível de que precisavam as companhias petrolíferas francesas, assim apoiando os grevistas franceses).

Não haja dúvidas, as possibilidades de inversão das políticas de austeridade que o movimento social abre são de tal forma preocupantes para os governos europeus que a reacção será enérgica, e tão concertada quanto as políticas que o motivam. Todas as novelas orçamentais serão alimentadas pelas forças políticas que defendem as medidas de austeridade, não tanto para deslocar as atenções para diferenças que podem ser pequenas entre os protagonistas, mas para instalar entre os cidadãos um sentimento de desilusão com «a política» e «os políticos», visivelmente incapazes de resolverem os verdadeiros problemas com que eles se confrontam entre novelas − desilusão essa que é o caldo de todos os populismos e derrapagens autoritárias. Os meios de comunicação seguirão estas peripécias com a grande excitação do directo, da fulanização e da história rocambolesca que se conta a si mesma. Mas seguirão também algumas greves e manifestações, salientando o mais leve episódio de violência que possam associar-lhes e pondo em palco comentadores e analistas que, vindos agora prioritariamente do campo da sociologia e outras ciências sociais, farão tão pouco pelo pluralismo de opinião na comunicação social como acontece já hoje com os concordantes economistas que vemos nos ecrãs das várias televisões.

Seja como for, a simples existência de movimentos como a greve geral de 24 de Novembro são fortes sinais de que ainda há, mesmo entre os mais prejudicados pelo regime «austeritário», cidadãos apostados em defender a democracia. Os poderes públicos, e em particular os governos que mais se queixaram de não ter alternativa, de que a pressão dos mercados é demasiado forte (como o português), têm aí uma oportunidade de reajustar as suas políticas pelo diapasão da democracia substantiva. Irão fazê-lo?

quinta-feira 4 de Novembro de 2010


http://pt.mondediplo.com/spip.php?article773

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O VOO DO CONDOR


O Canholas era o mais novo de cinco irmãos, sendo que três deles, foram meus companheiros na Escola da Farinha Branca. Mas apenas do Canholas , reza esta história.

Num tempo sem televisão nem literatura juvenil que desse a conhecer os heróis desse tempo, o Canholas traçava as suas próprias aventuras que tornava realidade, nunca se esquecendo de envolver os seus amigos, dos quais eu fazia parte.
O Canholas inventava sonhos, e tudo fazia para os concretizar. A sua veia inventiva só tinha paralelo na sua tendência para o fracasso.

Lembro-me da invenção da espingarda caçadeira, de cano de tubo galvanizado e coronha de cortiça, cujo primeiro disparo mereceu a presença de todos os amigos; Um cano atafulhado de cabeças de fósforos, que explodiu à primeira gatilhada. Não houve grandes estragos para alem da fuga desordenada da falange dos admiradores do “cientista”.

Pastor nas horas vagas, tentou por um carneiro a fazer habilidades, usando um pau numa mão, e um molho de ferrejo na outra.
Não sei se pela ameaça se pelo prémio, mas aquilo até parecia estar a resultar, até que o pobre do carneiro, de tão farto do “senta”,”levanta”, “senta”, “levanta”, contemplou o Canholas com uma bela cabeçada, o que conduziu a um novo falhanço.

Mas a grande empreitada do Canholas, era conquistar o coração da Rosário, uma linda menina por quem se tinha apaixonado, mas que não nutria grande interesse por ele.
Certo dia o Canholas chegou com a novidade: estava a treinar um condor. Um condor?? Mas que raio de bicho era esse? Era – explicou – um pássaro grande, muito inteligente e nobre, e a sua ideia era treina-lo para levar uma carta de amor à Rosário.
A ideia parecia estapafúrdia, só justificada pela paixão assolapada do Canholas, mas até poderia resultar.

Quando o Canholas entendeu que o condor estava finalmente preparado, reuniu todos os amigos para assistir à sua partida, rumo a tão relevante missão.
Quando chegamos a sua casa, no monte da Pipa, lá estava o condor dentro de uma gaiola. Afinal eu já tinha visto outros condores, mas que sempre lhes ouvi chamar de coruja ou mocho, mas enfim!!! O Canholas é que sabia.
A carta, o Canholas não permitiu que ninguém lesse, mas foi bem amarrada na pata do condor.
Com um movimento lento e emoção no rosto, o Canholas ergueu os braços, e dizendo uma oração, libertou aquele mensageiro do amor, que curiosamente partiu exactamente em sentido contrário à casa da Rosário, mas os desígnios de um carteiro, podem ser insondáveis.
Depois foi esperar pelo dia seguinte, e pela reacção da Rosário.

Se a Rosário recebeu a carta, não chegamos a saber, mas ela ignorou totalmente o Canholas.
Do condor, nem novas nem mandados.

domingo, 7 de novembro de 2010

ESTOU CHATEADO


Hoje não quero aqui conversas de bola. A bola não dá de comer a ninguém, e mais não sei o quê...
Alguém tem aí umas pastilhas renny...?

sábado, 6 de novembro de 2010

O POVO SAIU À RUA



Quando cheguei ao local de encontro, e reparei que os aderentes da Freguesia de Mora,à manifestação de hoje, eram a modica quantidade 9 (nove); 5 activos, 2 reformados e 2 crianças, conclui que a manif ía ser um fracasso.
Ao chegar ao local de concentração, pensei de imediato que não era bem assim. Pouco depois tinha a certeza de que ia ser uma grande manifestação. Quando já no comício final, os sindicatos anunciaram 100 mil manifestantes, fiquei surpreendido.
Afinal, tirando Mora, onde tudo parece estar bem, o resto do País está mesmo no limiar da explosão social, e os trabalhadores recusam passar fome e viver da caridade dos Centros Paroquiais.
Vamos continuar a lutar com as armas que temos na mão: A nossa vós e a nossa indignação. Em suma: A nossa razão.

José Gil alerta para o regresso do medo em Portugal em entrevista à rádio Antena 1



« O que está a aparecer, e já desde há meses para cá, a reaparecer em força, é o medo. É um outro tipo de medo. Agora é cada um por si. Não há entreajuda. Cada um por si, cada um tem de procurar escapar e fazer o melhor pela sua família e é tudo. Quer dizer, isto é muito mau para os sindicatos, é muito mau para a acção colectiva, mas explica precisamente esse facto. As pessoas respondem ‘Não, não me interessa’, porquê? Porque a crise é uma espécie de trauma que disperssa, atomiza a sociedade e rompe a coesão. A coesão corporativa, a coesão comunitária, a coesão profissional. Isto é a primeira reacção. Agora, não há só a primeira reacção, isto não vai ficar assim, e claro que não pode ficar assim. Não pode!»
José Gil, em entrevista à Antena 1


Entrevista a José Gil

O filósofo José Gil considera que os portugueses são cada vez mais egoístas, uma tendência que se acentuou depois de perceberem que têm que viver com a crise e com as medidas de austeridade.

Nesta entrevista conduzida pelo jornalista José Manuel Rosendo, o filósofo não hesita em falar no regresso do medo. Este facto influencia a acção colectiva e rompe a coesão comunitária, corporativa e profissional.

José Gil defende ainda que os novos gurus são os economistas, que ocuparam o lugar dos políticos, surgindo como detentores da visão do futuro. O filósofo refere ainda que a responsabilidade dos jornalistas no contexto actual é enorme, visto que é sobre o sistema mediático que assenta a possibilidade de uma nova coesão social.
José Gil aborda as sequelas do Estado Novo, o primado da Economia em detrimento da Política, e a necessidade de mudança. Fala também do Medo que está de regresso, da resposta (do Povo) que está para chegar e da responsabilidade dos jornalistas na consciência colectiva. Talvez seja um pregador no deserto, mas ajuda a pensar. O que por si só, neste deserto de Líderes e política de "mão na anca", já é bastante.


Antena 1 - Entrevista a Joé Gil

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Como funciona o Mundo Corporativo

'Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório

e pegava duro no trabalho

A formiga era produtiva e feliz. O Gerente Besouro
estranhou a formiga trabalhar sem supervisão.


Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada.

E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.


A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga.

Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também

uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefónicas.

O besouro ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca,

e comprou um computador com impressora colorida. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela
movimentação de papéis e reuniões!

O besouro concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava.

O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial..

A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de
uma assistente a pulga (sua assistente na empresa anterior)

para ajuda-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.

A cigarra, então, convenceu o gerente marimbando, que era preciso fazer um estudo de clima.

Mas, o besouro, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia

como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação. A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía : Há muita gente nesta empresa!!

E adivinha quem o besouro mandou demitir?

A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida. '

Já viu esse filme antes?

Bom trabalho a todas as formigas!!!


(Recebido por e-mail)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O dia em que me tornei um eleito Salazarista


As pessoas podem ter os problemas que tiverem. Podem conseguir ou não, resolve-los, e nisso podem ter mais ou menos culpa, ou não ter culpa nenhuma. O que não podem, é envolver quem não tem nada a ver com isso.

Hoje, dia 02-11-10, é seguramente um dia pelo qual eu não esperava; O dia em que passei a ser um eleito Salazarista. Exactamente eu, que até participei no 25 de Abril, de G3 em punho, e me julgava um Democrata insuspeito.

Todos os trabalhadores que estava presentes, e estava quase todos, ouviram um responsável pelo SGI dizer que enquanto trabalhador da Câmara, propunha a reeleição do representante cessante dos trabalhadores, mas que qualquer um era livre de propor quem quisesse, incluindo propor-se a si mesmo.

Parece simples e claro, mas não para todos; Alguém se manifestou e achou que era uma eleição Salazarista.
Não apareceu mais nenhum candidato, e assim me tornei no produto de uma eleição Salazarista.

PS: Na última auditoria feita pela APCER, no âmbito da certificação. o eleito que ainda não era Salazarista, entendeu que determinado trabalhador deveria ser ouvido por um dos auditores. O auditor assim fez.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ESTÁ-ME NO SANGUE



Um dia dormirei o sono eterno, na certeza que no fim dos tempos, será a águia a única que perdurará ao Apocalipse, pois é e sempre foi a favorita dos deuses.